Biografia Kraftwerk - Parte 1


A história do Kraftwerk (usina de energia, em alemão) teve início em em meados de 1970 na cidade de Düsseldorf - Alemanha, embora sua origem remonte ao ano de 1968 e o pouco conhecido Organisation (banda erudito-experimental alemã), antecessor direto do Kraftwerk. Em 1970, Ralf Hütter e Florian Schneider-Esleben membros fundadores do Organisation fundaram então o Kraftwerk, incluindo em 1971 em sua formação os multi-instrumentistas Klaus Dinger e Michael Rother.

A origem do nome Kraftwerk (Usina de Energia/Força, Complexo Elétrico) vem do local onde eram feitos os ensaios e experimentos do grupo, uma Refinaria (Complexo) em Düsseldorf. Com influências do rock-progressivo (leia-se Pink Floyd e toda sua “psicodelia”) o Kraftwerk tornou-se o precursor da música eletrônica.

É neste clima industrial tendo ao fundo a ruminação mecânica das fábricas que o Kraftwerk grava seus primeiros trabalhos, fundindo ruído, sonoridade, poesia e folclore industrial. Nestes primeiros momentos gravados em LP’s no estúdio privado, o Kling Klang Studio, o Kraftwerk inaugura o Technopop com o álbum Kraftwerk 1 (1971), Kraftwerk 2 (1972), Kraftwerk (1972 - 2LP - Compilação - UK) e Ralf und Florian (1973, apenas os dois músicos).


Ao vivo

A progressão da sonoridade do grupo veio gradualmente assimilada a tecnologia e seus elementos. É importante ressaltar que a maioria dos “instrumentos” usados por eles são máquinas criadas por Wolfgang Flür em parceria com os demais, utilizando reciclagem tecnológica da época pré-informatizada em que viviam, tais como samples, computadores, calculadoras, ritimos pré-programados, sintetizadores, gravações aleatórias, microprocessadores arquitetados eletrônicamente por eles mesmos.

Essa dedicação mesclada com “genialidade” deu origem a obra-prima Autobahn (1974), álbum que já conta com a presença de Wolfgang Flür e Klaus Roader. Com o Autobahn o Kraftwerk consegue antecipar vinte anos de música eletrônica, criando a beleza glacial da música cibernética. Os integrantes embrarcam num Volkswagen para uma viagem em uma auto-estrada alemã. Com paradas obrigatórias nas faixas Autobahn e Kometenmelodie 2. O álbum teve uma vendagem significativa, provocando uma grande empatia  tanto nos apreciadores de música séria quanto nos frequentadores de pistas de dança, causando assim o rompimento com a atual gravadora e assinando com a Capitol.

O ano de 1975 marcou o Kraftwerk com “um passo” (ou vários se preferir) na frente em termos de direção artística e musical, sem dúvidas é um álbum conceitual, no que se diz respeito a “música eletrônica”. Após a saída de Klaus Roader e a chegada de Karl Bartos, o Kraftwerk lança o primeiro álbum a dispensar formalmente o uso da guitarra, tornando-se o primeiro LP totalmente eletrônico da história. Nomeado Radio-Activity (1975, título em alemão Radio-Aktivität), um trabalho além de conceitual, minimalista. Muita atenção com as “faixas-radioativas” Antenna, Transistor, Uranium e Ohm Sweet Ohm, com certeza um grande marco na história.


Após essa fantástica viagem pela auto-estrada é hora de embarcarmos em um trem expresso: Trans-Europe Express (1977, título em alemão Trans Europa Express), que tem escalas em Showroom Dumies (Schaufensterpuppen) e nas letras profundas da pérola tecno-existêncial de 7’50” The Hall of  Mirrors (Spiegelsaal). O Kraftwerk possui uma “trilogia evolutória” iniciada com Trans-Europe Express, fase essa em que a banda soava como “homens normais” com sentimentos e emoções humanas.

Na sequência dessa “trilogia evolutória” temos o álbum The Man-Machine (1978, título em alemão Die Mensch-Maschine), este álbum contém quatro sigles oficiais (The Robots, Spacelab, The Model e Neon Lights). O álbum conta com grandes influências no filme Metropolis (1927) de Fritz Lang e mostra uma fase de transição “homem-máquina” dos integrantes.  Fase essa em que se percebe como Kraftwerk influenciou toda uma geração (leia-se synthpop, ectro, EBM e muitos outros) com faixas como o hino The Robots (título em alemão Die Roboter), a incrivelmente “atual” Spacelab, Metropolis e suas batidas mostram porque lapidaram o conceito de EBM, The Model(título em alemão Das Modell) foi o single nº 1 no Reino Unido em 1982 e um dos sucessos mais “comerciais” do banda sendo regravada por vários artistas, assim como Neon Lights (título em alemão Neonlicht) que por ser uma das melhores e mais “experimentais” faixas foi regravada por artistas como OMD e Simple Minds. Fechando com “chave de ouro” o álbum, temos a faixa-título The Man-Machine  (título em alemão Die Mensch-Maschine) mostrando que a transição para “máquinas” está completa, solidificando o estilo “robótico” (porém com sentimentos) e  impulsionando o próximo álbum.


Autobahn

Anos à frente de seu tempo, logo após o confronto Man x Machine, a Máquina venceu, em  1981 lançam o Computer World (título em alemão  Computerwelt) conta apenas com recursos eletrônicos e vocais, usando como tema o surgimento dos computadores na sociedade. Este álbum possui também vários singles como Computer World (Computerwelt), Computer Love (Computerliebe), Pocket Calculator (Taschenrechner) e Home Computer (Heimcomputer). Além de ser considerado por muitos críticos o “auge” da banda este é sem dúvidas um álbum extremamente moderno, mesmo para a atualidade. Eles já cantavam em 1981, sobre namoro virtual, comunicação por computadores, chats, isso, vários anos de tudo isso existir. Descrevem neste álbum, uma rede de computadores que no futuro iria unir todas as pessoas mesmo em casa, do seu 'homecomputer' podendo conversar com outras. Isso 15 anos antes de pensarem em invetar os 'chats'! Não é à toa que dizem que muitos até falam que eles são os primeiros viajantes do futuro, a trazer o que seria o futuro da humanidade, e como seria a música dos anos 80, já em 70, 71. Visionários, futuristas. Simplesmente gênios ou embarcaram numa viagem no tempo para nos brindar com a música dos anos 80?

Esse texto, é apenas para começar a contar um pouco sobre a banda que mudou a história da música, considerada por muitos críticos e fãs de música como a banda mais importante do século XX. E contar como surgiu a sonoridade dos anos 80 que tanto adoramos, em breve publicaremos a parte 2, com a história do Kraftwerk de 81 para cá...

Continua....


Dergan Bertassi e Marcos Vicente



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