UMA PESQUISA, A OLHO NÚ, DE UMA
DAS MELHORES BANDAS DOS ANOS 80
Duo technopop formado em Londres, Inglaterra, em
1.981 por Rob Fisher (05/11/59 -
26/08/99 - vocais, teclados, percussao eletronica e sintetizadores) e
Pete Byrne (vocais, teclados, sintetizadores,
experimentos com Fairlight, etc..).
No fim dos anos 70, com a chegada ao topo da parada britânica de
Das Model do Kraftwerk, primeira
música não cantada em inglês a ocupar o topo da parada,
surgiram novos rumos e novas vertentes para a música, capitaneados
por diversas bandas como o Human League, New Order (após
morte de Ian Curtis), Depeche Mode, Yazoo, Ultravox, Soft Cell, Visage,
Orchestral Manouevres in the Dark e tantos outros que primavam pelos
sons eletrônicos aliados a alguns poucos instrumentos tradicionais.
Nessa revolução musical, o Naked
Eyes surgiu numa aura espontânea e criativa, deixando
seu legado registrado em dois álbuns, vários singles e faixas
espalhadas em coletâneas da safra New Wave e technorock europeu
dos umbrais da decada de 80.
Tudo começou quando em 1980, Rob Fisher, Pete Byrne, Curt Smith,
Roland Orzabal e Manny Elias formaram o Neon,
uma banda seminal synthpop nos moldes do New Musik e Human League.
Logo após a maravilhosa Victims of Fact a banda se separa
para dar aos 80 duas das melhores bandas da década. Rob e Pete
formam o Naked Eyes, Smith e Orazabal formam o Tears for Fears.
A partir daí em caminhos diferentes, ambos mantém a linha
synthpop, mas o Tears demora um pouco mais para gravar seu álbum
de estréia. Com mais sorte o Naked Eyes consegue logo de cara cativar
os ouvidos do gênio Tony Mansfield, que era vocalista da
seminal banda synthpop inglesa, New Musik.
Mais tarde Mansfield seria lembrado como um dos maiores
produtores da década. Além de Naked Eyes, Mansfield, produziu
também Captain Sensible, os geniais B-52's e ainda descobriu uma,
até então, anônima banda norueguesa, e retrabalhou
seu conceito/repertório em uma banda gerando uma banda synth/new
romantic... fora dos marcos da Inglaterra... nascia o A-ha com Take on
Me. O resto da história todos já conhecem. Tony Mansfield,
um dos maiores gênios da música dos 80, logo implantou uma
sonoridade New Romantic no trabalho do Naked Eyes. As influências
da banda vão desde a disco music setentista do grupo Chic (Promisses,
Promisses), o technopop do Depeche Mode, Ultravox e Human League
(Voices in My Head, Eyes of a Child, No Flowers Please -
esta última um revival à fase New Musik), experimentalismos
kraftwerkianos e ruídos urbanos (Fortune and Fame, Me I See
in You), sonoridade pré-New Musik (Flying Solo),
além de uma versão synth arrebatadora e definitiva para
Always Something There to Remind Me, inspirada na versão
de Sandie Shaw, sendo a original do maestro Burt Bacharach
com uma letra de cair aos prantos, música regravada até
por Donna Summer. Ainda no quesito letra/poesia, estão presentes
as desilusões e desenganos (a já comentada Always Something...,
Promisses, Promisses, Fortune and Fame), leve sedução
(When the Lights Go Out), melancolia (Could Be, Eyes of a Child),
questões cotidianas (I Could Show You How, Burning Bridges,
Emotion in Motion). Enfim, mais uma banda que apesar de curta duração
deixou registradas maravilhosas canções baseadas na mais
marcante linha oitentista, o synthpop, com fortes influências do
Kraftwerk e New Musik. Influenciou sua própria geração
como podemos ver em songs do A-ha, Boytronic e até no Pink Industry.
A banda realizou poucas apresentações ao vivo em algumas
univesidades inglesas, pois não gostavam de aparecer na mídia,
entrevistas, nem dos excessos contidos na estética pop da época.
Apesar disso tudo, obtiveram grande sucesso nos Estados Unidos (chegando
ao top 10) e tendo seu videolcipe em alta rotação na MTV
de ambos lados do Atlântico, e até aqui no Brasil, com Always
Something There to Remind Me, a qual até hoje circula nas programações
das rádios tupiniquins, estando contida também na trilha
sonora internacional da telenovela global Guerra dos Sexos, de 1.983.
O primeiro álbum Burning Bridges
foi lançado no Reino Unido em março de 1.983, e nos EUA
em abril do mesmo ano, como Naked Eyes. No Brasil o vinil saiu
idêntico à matriz inglesa, com capa, faixas e encarte com
informações, todos pela EMI/Polygram, considerado de cara
o melhor trabalho da banda, ainda inédito em CD oficial. O segundo
álbum, intitulado Fuel for the Fire,
foi lancado apenas no Reino Unido e EUA, tambem pela EMI, respectivamente
em setembro e outubro de 1.984. Pouco depois do lançamento do segundo
trabalho resolveram, no inicio de 1.985 encerrar suas atividades.
Em
25 de agosto e 1999, perdemos Rob Fisher, exímio compositor, que
além da carreira solo pós Naked Eyes, escreveu músicas
para Rick Astley entre outros grandes sucessos dos 80 e 90. Rob deu entrada
num hospital em 25 de agosto, e não mais pudemos contemplar essa
maravilhosa voz dos 80. Rob completaria neste mês (5 de novembro)
45 anos. Para evitar chorarmos de novo, estamos todos numa corrente em
prol de outro fenomenal vocalista dos 80, que encontra-se hospitalizado
neste momento. Marc Almond do influente synthpop do Soft Cell.
Ainda há disponível em CD, somente em edicao norte-americana,
uma coletânea excelente - Promisses, Promisses - The Very Best
of Naked Eyes, contendo faixas dos dois albuns e até alguns
lados B dos singles lançados entre ambos, e algumas raridades anteriores
como a maravilhosa versão original de The Time is Now, composta
à época do Neon, que incompreensivelmente não constava
da primeira coletânea inglesa da primeira dupla technopop pós-Soft
Cell (The Best of Naked Eyes).
Seus dois discos de carreira estão há muito tempo fora de
catálogo, mas com uma boa garimpada em sebos é possível
encontrá-los. Algumas faixas também estão presentes
nas coletâneas Living in Oblivion Vol. 1 a 6 (EMI inglesa),
New Wave Hits - I Just Can't Get Enough (Rhino Records, USA) e
Hits of the 80's (EMI, no Brasil).
Há ainda uma versão inédita, que está para
ser lançada na próxima coletânea da banda, de Promises,
Promises, cantada pela Madonna. Quando a banda foi para os EUA gravar
um remix junto com Jellybean, que estava impulsionando a carreira de Madonna,
Jellybean fez uma das versões com Rob e Pete nos synthies
e Madonna fazendo um vocal ultra-sensual, versão não levada
à frente pela gravadora na época, dada a apelação
forte na sensualidade que estava descaracterizando a música, fase
em que Madonna ainda estava procurando por qualquer chance de sucessoo.
Agora existe a promessa de lançarem finalmente a tal versão
proibida da Madonna, na época em que fazia qualquer coisa pelo
sucesso. Fãs do Naked Eyes e Madonna se agitam por todo mundo,
esperando ansiosamente a rara versão. Torçamos para que
logo chegue ao menos nas importadoras.
Gilson Ravagnani e Marcos Vicente
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