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Em 1978, vários estudantes de arte, designers, cabeleireiros famosos e estilistas,
criavam a esteira do que seria o New Romantic dos anos 80. Um mix do Technopop futurista
que vinha do Kraftwerk, Gary
Numan, Ultravox e Human
League, com um visual inovador, seguindo os mais avançandos estilos do mundo
da moda.
O clipe de Fade to Gray se tornou uma referência mundial quando se fala de anos 80... como diz Steve Strange no começo do VHS, música e moda devem caminhar juntos, e sempre foi assim, mas nunca ninguém havia admitido, ou os Beatles não influenciaram o mundo com seu visual, Elvis, e tantos outros. Nos 80, foram os New Romantics que deram o tom da primeira metade da década. Outra song apaixonante desse álbum de mesmo nome da banda, Visage, é Mind of a Toy mas isso deixemos para a Discografia Obrigatória do site (seção Notorious...).
Em The Anvil, segundo álbum da banda, a sonoridade
da banda está completamente formada. O auge de composição de Strange,
Midge Ure, Billy Currie. The Anvil (Nightclub School), a faixa título é simplesmente
o carro-chefe deste álbum que é considerado um dos 20 melhores dos anos 80.
De experimentação dos membros do Ultravox e DJs de balada, o Visage se tornava
uma banda reconhecida. Billy Currie e Midge Ure levavam o Ultravox como banda principal
e o Visage era para aprofundarem seus experimentos eletrônicos. Mais ou menos como
Ian Marsh e Martin Ware fizeram quando deixaram o Human League em 1980, e formaram o Heaven
17 e o BEF (British Electric Foundation), o Heaven 17 era um synthpop sofisticado e
extremamente contagiante, e o BEF, eles formaram para aprofundar pesquisar com as novidades
da época que dominaria todas as paradas da década e seria o legado dos anos
80 para as futuras gerações: os sintetizadores e samplers. Mesmo sendo a segunda
banda de Ure e ele não assumindo os vocais do Visage, ele se dedicava bastante nas
composições, principalmente nos sintetizadores, pois no Ultravox ele já
era o responsável dos vocais da banda. No Visage ele aprofundou essa paixão
pela música eletrônica. O Visage pode ser definido como o casamento ideal entre
sintetizadores e vocais apaixonantes. Neste álbum fica bem clara a disposição
do Visage de pavimentar o caminho que tinha aberto com o primeiro álbum, as estruturas
do New Romantic já estavam prontas, agora era hora de aprofundar no uso dos computadores
e sintetizadores. Perfeito. Pena que é uma banda que poucos conhecem, quem fala que
música é fria é porque nunca ouviu Visage, Soft
Cell, OMD e Gary Numan. Visage mostrava como
fazer uma mistura ideal de romantismo e sintetizadores... o casamento que deu certo e dominou
toda a primeira metade da década de 80, mais precisamente entre 81 e 85, melhor fase
de composição de várias bandas como Spandau,
Duran, Depeche
Mode, etc, e que virou um divisor de águas na história da música,
a resposta dos anos 80 ao punk sujo e mal lavado, substituindo as guitarras pelos sintetizadores,
o visual sujo pela elegância e a agressividade pelo ultra-romantismo... Com o Visage
sob a influência direta do Kraftwerk, Ultravox, OMD, Human League e Gary Numan a história
da música começava a dar saltos de qualidade. Os sintetizadores da clássica
Move Up, deste álbum ou o single de In the Year 2525, podem ser tocados hoje em qualquer
pista e soar como atual... anos à frente de seu tempo. Mais um destaque desta obra
prima dos anos 80 é a inesquecível The Damned Don't Cry, uma aula de como
a música eletrônica chegava para ficar, embora muitos (mesmo hoje 27 anos depois,
ainda lutem contra a realidade), uma das músicas mais apaixonantes dos anos 80. Uma
sonoridade muito próxima do primeiros trabalhos do OMD que em 78 já mixava
romantismo e sintetizadores, mas com um apelo mais específico para o lado visual,
o som do Visage é tão único que provavelmente apenas os 3 primeiros
discos do OMD possam ser comparados, em ambos casos um interesse fenomenal em novas descobertas,
em experimentações, em criação de novos estilos e música,
algo só visto em bandas como Soft Cell, Kraftwerk, Human League e alguns poucos exemplos
de bandas com extrema criatividade. Em 1984 os precursores do New Romantic, lançam seu terceiro álbum, Beat
Boy mas já sem Midge Ure e Billy Currie que resolveram se dedicar exclusivamente
ao Ultravox que já estava estourando em todas as rádios e pistas européias.
Em seus lugares entraram Steve Barnacle e Gary Barnacle, que já havia tocado nas
bandas de apoio em shows do Gary Numan, China Crisis e Thomas Dolby. Curiosidades: Em 2002, já recuperado, lançou sua auto-biografia - Blitzed (a balada que criou se confunde com a história de sua vida) Em 2005 resolveu reativar o Visage, com músicos influenciados pelo próprio Visage, Ultravox, Human League, jovens da nova geração de bandas Electro e Synthpop. No final do ano passado, lançou o primeiro álbum o que chamaria de Visage II, alinhado com o new Electro, derivação do Electropop dos anos 80. Em novembro do ano passado fez parte da série BBC, Celebridade Mãos de Tesoura pelas Crianças Carentes, se redimindo do roubo do Teletubbie. Em 2008, o Visage II (com Steve Strange e Sandrine Gouriou) fez uma ponta na série Life on Mars também da BBC, em um episódio que se passa em 1981. Onde tocaram Fade to Grey numa cena na lendária "Blitz", casa do nascimento do movimento New Romantic.
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Marcos Vicente |