- A origem da série
Após o término da Segunda Guerra Mundial, o ocidente (entenda-se os Estados Unidos), em meio à Guerra Fria, fazia uma campanha massiva de disseminação de sua política e cultura mundo afora. E com a cultura pop não era diferente. Super heróis como o Batman, o Superman e a Mulher Maravilha estendiam a sua fama até os rincões mais afastados do mundo. Contudo, na cultura japonesa, tal fato foi muito distinto.
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Após o lançamento do filme “Godzila”, de Ishiro Honda, em 1954 – que configurou um sucesso estrondoso – o povo da “Terra do Sol Nascente” adquiriu um gosto peculiar por produções dotadas de efeitos especiais bem gráficos e, para a época, faraônicos. A esta modalidade áudio visual foi dada a alcunha de "tokushu kouka satsuei", ou simplesmente “tokusatsu”, que significa “filme de efeitos especiais”. Nos anos que se seguiram, a cultura japonesa foi inundada por produções dessa estirpe, entre filmes e séries, o que serviu também como uma significativa resistência cultural frente ao rolo compressor que vinha do ocidente.
No Brasil, tais produções orientais também chegaram cedo, ainda na década de 1960, com “Nacional Kid” em 1964 e, “Ultraman”, na década de 1970. Entretanto, nas terras tupiniquins, foi na década de 1980 que o gênero teve o seu maior “Boom”. A “TV Manchete” comprou os direitos sobre diversos títulos de “tokusatsus” e os exibia tão massivamente na sua grade de programação, que se tornaram uma febre naquele período. Hoje em dia existe uma subcultura formada por fãs da cultura pop japonesa, são os “Otakos”, e o mais curioso disso é que eles, pessoas que fizeram de sua paixão um estilo de vida, são resultado direto deste fenômeno ocorrido nos anos 80. Neste texto, abordaremos curiosidades e onde estão atualmente toda a galera que deu vida à franquia mais bem sucedida de “tokusatsus” da qual se tem ragistro: a “Família Ultra”, criada por Eji Tsuburaya, que conta com mais de trinta franquias, entre filmes e séries, além de possuir mais de dez mil produtos licenciados mundo afora.
Nos parágrafos a seguir, com ênfase nas únicas três franquias que foram exibidas pela TV aberta no Brasil, vamos saber o que tem feito e por onde andam as pessoas por trás dos capacetes, que deram vidas àqueles curiosos seres gigantes com mais de quarenta metros, feitos de energia, vindos do planeta sem estrela-mãe M-78 para a Terra atrás de um perigoso inimigo e fundindo seu corpo energético com um ser humano de Tóquio. Dotados de um exoesqueleto metálico bem característico e “ultra” tecnológico nas batalhas, enchem cinemas, conseguem picos históricos de audiência e salvam o nosso dia desde 1966.ies “Ultra”, formavam filas nos cinemas japoneses. Além de ser inspiração das brincadeiras de fim de tarde de muitas crianças.
Aqui no Brasil, Ultraman passou em diversos canais: TV Record, Bandeirantes, TVS, Tupi, SBT e Rede Manchete. Nessa época, muitos Programas dessas emissoras iam atrás da Série Ultraman devido ao seu sucesso entre os telespectadores jovens.
- Ultraman Hayata (Susumu Kurobe)
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Susumo Kurobi, nascido na Província de Toyama, em 22 de outubro de 1939, não iniciou a sua carreira como ator, era um economista formado pela Faculdade de Economia da "Chuo Daigaku". Susumo passava por dificuldades financeiras e viu-se obrigado a trabalhar como engraxate, quando em 1961 foi visto pelo cineasta Yamamoto Kajiro, que devido ao seu carista e vitalidade, convidou-o a realizar um teste de atuação, que o então jovem Kurobe não titubeou em aceitar.
Apesar de ter sido consagrado como o primeiro ator a dar vida ao “Ultraman”, Susumo iniciou a sua carreira artística bem longe do gênero dos “tokusatsus”. Após uma ponta em um filme de comédia em 1963, Kurobe assume o protagonismo do drama "Roppongi no Yoru: Aishite Aishite", do diretor Iwauchi Katsumi. Também integrou o elenco de um filme policial e um drama de guerra.
Não obstante seu sucesso em produções nipônicas, principalmente devido à sua vitalidade física e seu porte favorável para personagens de ação, o trabalho de Susumo não se restringiu ao oriente. Em 1965 participou do longa-metragem “Os Bravos Morrem Lutando”, dirigido por Frank Sinatra; além de ter atuado no filme “Kokusai Himitsu Keisatsu: Kagi no Kagi”, que serviu de base para o hoje consagrado diretor Woody Allen lançar a sua primeira obra relevante: “O que há, Gatinha?”, em 1966.
Apesar do ator já ter se firmado como um importante nome no cinema japonês, o ápice de sua carreira ainda estava por vir. Em 1966 ele é convidado a protagonizar um “tokusatu” e dar vida a um ser humano que adquire estranhos poderes após um encontro pouco fortuito com uma forma de vida alienígena gigante e feita de energia. O humano em questão, Shin Hayata, torna-se então o poderoso “Ultraman”!
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E esse foi apenas o primeiro encontro de Kurobe com a extensa e bem sucedida “Saga Ultra”, já na década de 1970, participou de “O Regresso de Ultraman” e “Ultraman Taro”. Na década de 1990 participou de alguns episódios de “Ultraman Tiga”. Em 2010 participou também do filme “Ultraman Zero the Movie”. E apesar de ter se consagrado através do “Ultraman”, Susumo também participou de outros “tokusatsus”, um de significativo destaque foi “Winspector”, na década de 1980, quando o ator deu voz ao perverso vilão Dr. Kurobi. Sua participação mais recente deu-se em 2012, no “Ultraman Saga”, a série lançada em comemoração aos 45 anos da franquia.
Fora do campo do gênero de herói, Susumo Kurobi ainda somou a sua carreira importantes participações em outros gêneros, como em muitos episódios da série japonesa Mito Komon, que perdurou quarenta e dois anos. Também era comum a Kurobi, devido a sua paixão e habilidades em cozinhar, aparecer em um popular programa gastronômico nas ilhas do Sol Nascente, “Gochisousama”, que foi ao ar até 1998.
Até hoje, com seus quase 80 anos, Susumo Kurobi é uma dos atores mais cultuados e respeitados pelos fãs no mundo inteiro, não só os da “Saga Ultra”, mas dentro de todo o universo e cultura dos “tokusatsus”.
Seu talento culinário era muito conhecido, tendo ele sido uma figura frequente em "Gochisousama" , um programa televisivo de culinária, onde cada apresentação tinha uma duração de quinze minutos, produzido pela Nippon Television, patrocinada pela indústria de alimentos Ajinomoto, e um dos programas mais duradouros em sua área na televisão, ficando no ar entre 1971 até 1998.
Com mais de 70 anos, participou do 23º filme da saga Ultraman ( no papel de Shin Hayata). A boa aceitação de seus fãs mostrou que ele estava errado. Kurobe continua atuando e participando das convenções e reuniões de fãs dos seriados Winspector, Black Kamen Rider e Ultraman, e sua carreira parece muito longe de terminar.
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- Ultraseven (Koji Moritsugu)
O “Ultraseven” dá sequencia à bem sucedida franquia criada pelo seriado original “Ultraman” e expande o seu universo. Partindo das mesmas premissas criadas na série anterior, conhecemos aqui um novo herói, o “Ultraseven”, ou simplesmente, “Seven”. Apesar dele, muitas vezes, ora por erro de tradução, ora por falta de informação ou questões comerciais dos distribuidores, ter sido erroneamente chamado de “Ultraman Seven”, este é um herói diferente. A produção tornou-se bem característica por não pretender dar continuidade à anterior, o que permitiu maior liberdade de criação e alguns atributos bem marcantes, como uma poderosa lâmina que saia de seu capacete.
Ela foi exibida inicialmente pela emissora TBS entre 1° de julho de 1967 e 8 de setembro de 1968, contando com quase cinquenta episódios. Nas terras brasileiras, conhecemos o “Ultraseven” no início da década de 1970, sendo exibido originalmente pela TV Tupi como uma das principais atrações do programa “Clube do Capitão Aza”, um programa infantil de muito sucesso na emissora. Na década de 1980, com a falência da TV Tupi, o seriado, junto com muitas outras produções da distribuidora Teleshow, passou a seu direito de exibição para a Record e a TVS, que posteriormente tornou-se o SBT e exibiu o bem sucedido “tokusasu” durante a década de 1980.
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Quem deu vida ao herói desse segmento importantíssimo e icônico da “Saga Ultra”, foi o ator japonês Koji Moritsugu, nascido em 15 de março dos anos antes de acabar a Segunda Guerra. Iniciou a carreira atuando como modelo, mas o sucesso de seu personagem em “Ultraseven” firmou definitivamente a sua carreira como ator, tendo participado de mais três franquias da saga ainda na década de 1970, “O Regresso de Ultraman” (1971), “Ultaman Taro” (1973) e “Ultraman leo (1974) – neste último interpretando uma versão mais velha e sábia do personagem que o consagrou, o que levou os fãs ao delírio. Sua ultima aparição no universo (ou multiverso) “Ultra”, deu-se em 1997, quando deu vida ao “Capitão Ban”, na franquia “Ultraman Zearth”. Contudo, a carreira de Kpji não se restringiu a esse tipo de produções, ele é um reconhecido ator de teatro e já participou de diversas montagens consagradas da dramaturgia japonesa. Atualmente ele administra, ao lado de sua esposa, um bar com a temática “Ultraseven”.
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- Ultraman Jack (Jiro Dan)
A“Ultraman Jack” foi a última das franquias “Ultra” a serem exibidas na TV Brasileira, mas apesar disso e de seu nome um tanto peculiar, não teve menor importância em relação àquelas que a antecederam. Originalmente planejada para ser uma sequência direta de “Ultraman”, acabou introduzindo heróis novos e uma premissa nova. Agora aqueles portadores deste poder deveriam enfrentar dois terríveis monstros que nasceram como resultado da poluição que assolava o planeta Terra. Este escopo, já comum em “tokusatsus” famosos como “Spectreman”, não foi a única novidade da produção, pois ela seria a primeira sem a participação do seu criador Eji Tsuburaya. Isso refletiu diretamente no tom dos episódios, agora menos idealizados e optando por tramas mais densas e dramáticas em comparação com o que se tinha até então, caiu no gosto do público imediatamente. Além da aparição dos dois “Ultras” acima citados em alguns episódios, que agradou demais os fãs mais puristas e demonstrou o respeito dos novos produtores com o legado de Tsubuyara.
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Quem deu vida ao protagonista desta franquia foi o ator japonês Jiro Dan, nascido no dia 30 de janeiro em Quioto. Ele, apesar de seu bio-tipo e sua presença forte nas cenas de ação, não alçou uma grande ascensão na sua carreira como ator, participando apenas de uma ponta no “Ultraman Zearth 2” , além de outras duas participações catastróficas em outras duas séries do universo “tokusatsu”.
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