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Com um formato similar ao Globo Repórter da Rede Globo, que por sua vez teve como referência a revista O Cruzeiro dos anos 1960, Documento Especial debutou na emissora do soviético, Adolpho Bloch em Agosto de 1989, com a faixa horária das 23:30. Com um estilo arrojado, o jornalístico ausentava-se dos padrões estéticos que a concorrente do Jardim Botânico (Rio de Janeiro) costumava adotar, explorando assim assuntos polêmicos, submundos e como não poderia de deixar, a exploração exarcebada de cenas fortes. Com isso o bordão adotado desde a estréia foi a assinatura "Televisão Verdade".
Apresentado por Roberto Maia, que era o responsável por ancorar o saudoso e eficiente Jornal da Manchete 2ª edição, cedeu espaço que estava em vacância, do noticiário para o "Casal 20" Eliakim Araújo e Leila Cordeiro ocuparem, já que esse sempre foi o carro-chefe do jornalismo Bloch, porém ao lado de Nelson Hoinnef conseguiu triunfar no jornalístico que tinha como objetivo, a realidade nua e crua, algo que projetou o Documento Especial para todo o país.
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FICHA
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"Documento Especial"
Título original: "Comando da Madrugada"
Ano de Criação: 1989
Gênero: Programa de Variedades
Tema de Abertura: "Blue Moon", de Cesar Camargo Mariano
País de Origem: Brasil
Emissora no Brasil:Rede Manchete
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Com o sucesso de público e crítica rapidamente foi alterado o horário e dia de veiculação do programa, sendo exibido as 22:40 nas sextas-feiras, após as linhas de show e novelas, que tinham Walter Avancini como diretor de dramaturgia e eram sucesso de público, isso mostra a responsabilidade que estavam nas mãos de Hoinnef e Maia.
A proposta de mudar a atração de horário resultou em excelentes resultados publicitários. Com um fluxo maior de televisores ligados, devido o término das novelas na própria manchete e o Globo Repórter da concorrente, o êxodo de telespectadores ociosos eram mínimas, chegando a atração muitas vezes a ser líder de audiência com um share de 47 pontos, algo que nas circunstâncias atuais é impossível, principalmente levando em consideração dia e horário de exibição.
Devido dificuldades financeiras da emissora da Rua do Russel (Rio de Janeiro), o começo do declínio soviético no Brasil começava, afinal a compra da empresa pelo grupo IBF culminaria na transferência do jornalístico de canal, já que Nelson Hoineff e Roberto Maia, aceitariam convite de Silvio Santos para mudar de casa, até os seus substitutos do Jornal da Manchete seguiriam em fuga para a emissora paulistana.
Hoje o programa é inexistente devido problemas judiciais, alegações de censuras e perseguições como um todo. A ousadia que a cúpula da Manchete teve, com um olhar aguçado, em um país recém saído da ditadura militar, foi responsável pelo estilo jornalístico mais informal que só começou a ser mais explorado no Brasil em meados de 2004.
Na época antes do começo da atração, através do GC (Gerador de Caracteres), o letreiro que estamos habituados em ler nos programas de televisão, advertia crianças e pessoas mais sensíveis a não assistirem o jornalístico, que apesar de temas "underground" era mais nada que o cotidiano ocultado pelas comunicações de massa. O questionamento de aspectos sociais na TV, começou ali e por isso até os dias atuais Adolpho Bloch e todo o seu império fazem falta a comunicação brasileira.
Aldiéres Silva< |