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Guitar Bands




Não há dúvida que a década de 80 foi essencialmente rica em sintetizadores e bateria eletrônica, sendo a mais criativa. Mas vamos falar sobre o movimento musical, nascido em Manchester, na Inglaterra, que fez uma oposição importante a tudo isso no final dos anos 80: as Guitar Bands!

Esses grupos não se preocupavam exatamente com uma sonoridade roqueira, mas sim em sons projetados para festas e com uma forte influência psicodélica (aqui se registram as primeiras experiências no uso de ecstasy...)

O palco principal dessa cena era a casa noturna Haçienda (financiada pela banda New Order! Sim, ela mesma!!!) que investia (cedendo todo dinheiro obtido com as vendas de seus discos) no que era mais alternativo que poderia existir: apoio aos músicos que não tinham contrato com gravadoras, que eram genuinamente independentes dos rótulos dados pela imprensa, ou seja, fora do “mainstream”, sendo autenticamente “indies”. Assim surgia o projeito: "FAC 51 The Haçienda" que tinha o jornalista Tony Wilson como organizador e escolheria os novos talentos para a sua gravadora, a Factory Records.


O primeiro grupo a se destacar foi o Happy Mondays, liderado pelo vocalista carismático Shaun Ryder, seu irmão e baixista Paul Ryder e o performático (tocador de maracas) Mark Berry, mais conhecido como Bez. Foram muito influenciados pelo psicodelismo, soul, funk e house. Eles foram os pioneiros da "cultura rave" desde aquela época, vivendo todos os dias como se fossem o último.


Outra grande representatividade desse movimento foi o Stone Roses. Encabeçado pelo cantor Ian Brown faziam o estilo “paz e amor” influenciado pelo rock clássico dos anos 60 e fusão de rock com acid house. Bandas como The Byrds e Simon and Garfunkel foram fundamento para suas harmonias e melodias vocais, e, na pegada da guitarra, o mito Jimi Hendrix.


Por sua vez, inspirado pelos Stones Roses, o The Charlatans tinha o tecladista Rob Collins... isso era o diferenciava o grupo, dos demais de Manchester, além do vocalista Tom Burgess que abusava das melodias melancólicas para as interpretações soarem milimétricamente frias e despojadas... sem falar em uma curiosidade: o guitarrista Mark Collins, no fim dos anos 80 foi roadie da banda Inspiral Carpets, assim como Noel Gallagher do Oasis. Inspiral Carpets tem uma sonoridade mais voltada para a música psicodélica, teclados e guitarras.


Já o grupo James, formado por Paul Gilbertson e seu melhor amigo Jim Glennie, foi o mais audacioso: queria produzir músicas que não remetessem a qualquer outra banda e não tinham receio de inovar... E foi assim: Depois de uma apresentação em Haçienda, garantiram o lançamento de seu primeiro EP pela Factory Records, batizado de Jimone, logicamente depois de cair nas graças de Tony Wilson!

O filme “24 Hour Party People” (A Festa Nunca Termina), dirigido por Michael Winterbottom (2002), narra de uma forma brilhante esse momento vivido por essas bandas de Manchester. Toda a história da Factory Records é revivida de uma maneira esplendorosa! Vale a pena conferir!

 

Damaris Camargo Aranha