Filmes
1984

Olá amigos e amigas, hoje vemos com tédio os reality shows, esses que são uma febre mundial nas redes de televisão ao redor do mundo desde a transição dos anos 90 ao começo dos anos 2000. Muitos de seus admiradores desconhecem sua origem e inspiração, porém como sempre os anos 80 consegue ter destaque maior no cenário cultural do século XX, que foi o lançamento do filme britânico 1984, que é baseado no livro de mesmo nome do escritor britânico George Orwell que mostra, sob aspectos fictícios, o poder da comunicação, em específico da mídia.

FICHA

"1984"
Título original:
"Gandhi"
EUA, 1984, 113 minutos.

Elenco:
John Hurt
- Winston Smith
Richard Burton - O'Brien
Suzanna Hamilton - Julia
Cyril Cusack - Charrington
Gregor Fisher - Parsons
James Walker - Syme
Andrew Wilde - Tillotson
David Trevena - Amigo do Tillotson
David Cann - Martin

Diretor:
Michael Radford
Escritores:
George Orwell (novela 1984) e Michael Radford
Produção:
Al Clark, John Davis, Robert Devereux, Simon Perry e Marvin J. Rosenblum
Música:
Dominic Muldowney
Edição:
Tom Priestley
Diretor de Arte:
Martyn Hebert e Grant Hicks

Distribuidora: Atlantic Releasing 20th Century Fox (Reino Unido)

Gênero:Ficção

O filme conta como os governos totalitários tem certa inclinação em querer controlar a sociedade. Após a guerra atômica, o mundo é dividido em três estados e Londres é a capital da Oceania, que por sua vez é refém de um partido no qual controla seus cidadãos. Winston Smith é um funcionário desse tal partido. Ele se apaixona por Júlia, ato atrevido e irresponsável já que numa sociedade totalitária as emoções são consideradas ilegais. Eles tentam escapar dos olhos e dos ouvidos do "Grande Irmão" (Big Brother), já cientes das dificuldades que teriam de enfrentar.

O mundo está dividido em três grandes Estados: Eurásia, Lestásia e Oceania, que são comandados pelo Regime Ditatorial - do Partido IngSoc -, estando sempre em meio a guerras e batalhas. A trama se desenrola na Oceania, onde os personagens são vigiados 24 horas por dia pelo Grande Irmão, o Big Brother, que controla e oprime os moradores. Para que o regime de opressão e vigilância seja completo, o Regime cria uma língua nova, chamada de “novilíngua”. O sexo é proibido, com a intenção de fazer com que, juntamente com a Polícia do Pensamento, as pessoas percam a sua individualidade, assim, colaborando com os interesses políticos do Regime. Winston Smith é o personagem central, um funcionário do Ministério da Verdade, órgão que controla as notícias, (modificando as notícias para que atendam os desejos do Partido). Smith desenvolve sua indiferença pela sociedade e descobre-se apaixonado por Julia, sua parceira no filme. Acaba sendo descoberto durante um de seus encontros com sua amada e é preso, levado a sofrer lavagem cerebral, tortura física e psicológica, para que no final seja mais um que o Regime conseguiu dobrar e atender aos seus interesses.


A obra de Orwell nada mais é que o exemplo do que os veículos de comunicação podem fazer com o seu público. A grande mídia tem o poder de devastar a vida das pessoas e de sociedades, basta saber o como. São programas de humor, novelas, filmes, que estão dentro da grade de programação para atrair as pessoas e que funciona da forma que os veículos de comunicação querem que funcione. A rotina do dia a dia já não tem mais importância: se alguma tarefa da casa não foi realizada a tempo pela mulher durante o dia, à noite ela irá assistir a (s) sua (s) novela (s) predileta (s), só para depois pensar na tarefa deixada de lado por causa da TV. O tempo que se gasta com os meios de comunicação, sejam eles quais forem, poderiam ser aproveitados de forma a contribuir na vida particular de cada um, ou até na construção de uma sociedade mais racional, honesta e igualitária.

O filme, demasiado pesado e difícil de entender na sua essência, deixa a reflexão na mente de quem o assiste: Será que a sociedade já não se tornou um pouco do personagem Winston Smith, que age racionalmente, pensa e sabe diferir o certo do errado, mas que, ao final, acaba como a maioria: usado e deixado de lado? Um Big Brother que toma tempo das pessoas na sociedade brasileira já existe, falta apenas ele entrar e vigiar cada telespectador dentro da sua casa. Em resumo: o filme é uma metáfora perfeita do mundo que, aos poucos, se está construindo. "Esse é o século XXI e sua face construída por irresponsáveis."


Michael Radford, o cineasta do filme conseguiu ser fiel aos detalhes de Orwell. A fotografia é normalmente caracterizada nos demais filmes europeus. As atuações de John Hurt como Winston Smith e de Suzanna Hamilton como Julia conseguem nos mostrar o clima pesado e hostil que infelizmente poderemos estar submetidos nas próximas décadas.

O filme foi o vencedor de melhor filme do ano pela Evening Standard British Film Awards. A crítica especializada classificou como um filme de 79% fresco, ou seja, bem atraente e pouco pesado. John Hurt interpretando Winston Smith também foi bem visto pela crítica.

Vale a pena conferir esse excelente filme.

 


Aldiéres Silva