Eeetê teeleefoone miiiinha ca-a-a-asa...
Quando criança, eu achava horrível a voz do E.T.. E não era para menos: na versão dublada que passava na Globo, ele ficava
parecendo uma velhinha. Graças a Spielberg, o filme foi relançado no cinema quando fez vinte anos, em versão remasterizada e com
cenas inéditas. Finalmente uma chance para quem até então só tinha ouvido a "versão brasileira Herbert Richers"!
E.T. fone home, E.T. fone home, E.T. fone home...
E.T. o Extra-Terrestre (E.T. the Extra-Terrestrial,
1982) narra a amizade entre Elliot, um garoto de 10 anos, e um E.T. que
quer voltar para seu planeta. Com a ajuda dos irmãos (lembra da
Drew Barrymore pequeninha e histérica?), e de alguns M&Ms,
Elliot leva o E.T. para sua casa - e ganha um novo amigo.
Como todo ser mais evoluído, o E.T. aprende rápido e tem
poderes meio místicos, como levitação e comunicação
telepática. Ah, sim! Ele também é um ótimo
botanista - só que muito fraco para cerveja. Com um guarda-chuva,
um tecladinho e outras bugigangas desmontadas, ele constrói um
comunicador para mandar uma mensagem para seu planeta (que funcionava
de verdade!). Mas a trama se complica: o E.T. fica doente e Elliot também.
É quando aparecem os vilões: homens do governo em roupas
assustadoras, que levam os dois para um hospital. O nosso herói
de outro planeta (quase) morre, e finalmente consegue telefonar para casa,
pra virem buscá-lo. As lágrimas foram verdadeiras: como
o filme foi filmado em ordem cronológica, a última cena
foi também o último dia de filmagens – e os atores
mirins choraram de verdade ao despedir-se do boneco animado: “I´ll
be right here” (“Eu estarei sempre aqui”), dizia o E.T.,
apontando para o coração do Elliot. Ops! Chorei também.
A história é mais do que ficção científica: é um relato do conflito entre a visão de mundo de crianças
e adultos. Repare: os adultos aparecem quase sempre
da cintura para baixo (até a parte final do filme, a única a aparecer de corpo inteiro é Mary, a mãe das crianças),
e nunca vêm o E.T. com bons olhos, quando o vêm - a mãe nem consegue distingui-lo o entre os brinquedos no guarda-roupa. As crianças,
ao contrário, sempre conseguem perceber um amigo atrás daquela cara esquisita. A menininha Gertie, depois que pára de gritar, adota
o extraterrestre, como uma nova boneca. Elliot é o personagem que mais se envolve com o E.T., a ponto de "sintonizar" seus sentimentos
com os dele: um passa a sentir exatamente o que o outro sente. Se isso era uma habilidade especial dos seres de outro planeta ou fruto da amizade dos
dois, só Spielberg sabe. No site oficial do relançamento do filme, o diretor diz que o E.T. representava, para o menino, uma maneira de
superar a separação dos pais.
Panelinha de Hollywood - Entre as crianças fantasiadas
para o Dia das Bruxas (em que os meninos aproveitam para levar o comunicador
do E.T. para o alto de um morro), uma delas está vestida de Yoda,
e fica encarando o E.T.. Mas essa não foi a primeira referência
ao universo Lucas-Spielberg: entre os brinquedos de Elliot, aparecem outros
personagens de "Guerra nas Estrelas".
George Lucas teria retribuído a brincadeira, colocando E.T.s como
figurantes do 4º filme da saga, "A Ameaça Fantasma".
O script de "E.T. o Extra-terrestre" foi escrito durante a filmagem
de “Os Caçadores da Arca Perdida”. A roteirista era
a mulher de Harrison Ford - que também participou do filme como
o diretor da escola, em uma cena que foi cortada da versão final.
Não foi à toa que aquele ser cabeçudo de outro planeta
(inspirado em Einstein e em um cachorro da raça Pug) virou mania
entre as crianças da época e ainda faça tanto sucesso
(eu tenho até hoje o meu bonequinho do E.T. que brilha no escuro).
E.T. é um dos frutos da boa fase de Spielberg, quando “filme
para toda a família” ainda não era sinônimo
de filminho água-com-açúcar. O filme tem uma das
imagens mais conhecidas do cinema: o menino de bicicleta na frente da
lua, que virou símbolo da Amblin Internacional - você pode
vê-la se esperar pelo fim dos créditos de alguns filmes do
Spielberg. |
Trechos
clássicos do filme:
Elliot: Oh, meu Deus!
E.T.: Elliot.
Elliot: O quê?
E.T.: Elliot! Elliot!
Gertie: Eu ensinei ele a falar. Ele sabe falar agora.
Elliot: Espere. Você pode falar "E.T."?
E.T.?
E.T.: E.T.
Elliot: A-há!
E.T.: E.T.! E.T.! E.T.!
Elliot: Ele é um homem do espaço e nós
vamos levá-lo para sua nave espacial.
Greg: Ahn, ele não pode se teletransportar?
Elliot: Isso é a vida real, Greg.
[Mary, a mãe das crianças, bate com a porta da geladeira
no E.T.]
Gertie: Ele está aqui.
Mary: Quem?
Gertie: O homem da lua. Mas eu acho que você já
matou ele.
E.T.: Venha...
Elliot: Fique...
E.T. (apontando para o próprio peito): Ai.
Elliot: Ai...
E.T. (apontando para o coração de Elliot):
Eu estarei sempre aqui.
Elliot: Tchau.
E.T.: Seja bom.
--
Elisa Volpato |
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FICHA
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Título
original: "E.T. the Extra-Terrestrial" - Estados Unidos,
1982 |
Henry
Thomas |
Elliot |
Dee
Wallace |
Mary
|
Robert
MacNaughton |
Michael |
Drew
Barrymore |
Gertie |
Peter
Coyote |
Keys |
K.C.
Martel |
Greg |
Sean
Frye |
Steve |
|
Steven
Spielberg |
Diretor
|
Melissa
Mathison |
Roteirista |
Trilha
sonora: John Williams, Jim Carrol, Elvis Costello |
Site
oficial:
www.et20.com |
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