O filme conta a história de Bastian, um menino de poucos amigos (tímido,
mesmo), que vive só com o pai desde a morte da mãe. Um dia, correndo dos meninos-maus do colégio, ele entra numa livraria para
se esconder. E... o que encontra? Um livro enorme, com uma capa de couro marrom e um símbolo em metal: duas cobras entrelaçadas, uma mordendo
o rabo da outra (no bom sentido, calma: é um filme infantil). Quando o dono do lugar vira as costas, Bastian sai correndo com o livrão
debaixo do braço.
Escondido na sala de almoxarifado da escola, Bastian acende algumas velas
e abre o livro. Fantasia é o nome de um lugar governado por uma
Imperatriz, que precisa muito de ajuda. O “Nada”
(puxa, como eu tinha medo dele!) estava acabando com tudo o que existia,
e os melhores guerreiros foram chamados para ajudar. O escolhido é
Atreio, um menino com jeito de índio. Ele recebe
o Auryn (o símbolo da capa do livro) e parte em
sua missão.
Daí pra frente, Atreio e Bastian conhecem um monte de personagens esquisitos e lindos com o Falkor, o dragão da sorte (na verdade um cachorro
escamado e de olhos vermelhos que desafiava as leis da física com suas asinhas minúsculas)... Ei! Mas quem conhece todo mundo é
o Atreio! Bom, a essa altura da filme, Bastian
ainda não percebeu... Mas ELE é o aventureiro da história. Uma das melhores cenas do filme é quando o menino guerreiro chega
ao fim do portal (aquele das esfinges) e, no meio de neve e uma névoa branca, ele vê no espelho o reflexo de Bastian. “Nãão!”
Bastian se revolta com as coincidências, e joga longe o livro. Cai uma tempestade lá fora, e ele se assusta. “Aaaah!” Depois
de um tempinho, ele retoma a coragem: se aconchega debaixo do cobertor, e retoma a aventura.
Mas por que a cena do espelho? (Se você AINDA não viu o filme
e não quer saber o final, pare de ler). Porque o que Atreio estava
procurando era Bastian. Atreio é Bastian. Para salvar Fantasia,
era preciso que uma criança acreditasse nela e desse um novo nome
à Imperatriz. Essa é a hora em que Bastian arregala os olhos
e começa a ficar ofegante. A menina-imperatriz se vira para a câmera,
e pede: “Eu preciso de um nome”. “Não é
possível, não é possível”, pensa ele,
e fica um tempinho pensando se acredita ou não acredita, se acredita
ou não acredita... “Aaaah!” Trovões lá
fora, e a Imperatriz pede de novo. Ele não resiste, corre para
a janela e grita: *********
O que é que ele grita? Por muito tempo, foi para
mim e meus amiguinhos - que assistíamos a versão dublada
da Globo – um grande mistério. “Montanha?” “Mundana”?
“Morgana”? “Montana”? O livro responde: “Moon
Daughter” era o nome da mãe de Bastian, com o qual ele batiza
a Imperatriz. Não é à toa que nós, pobres
crianças mal-versadas em inglês, não entendíamos
nada.
O filme é inspirado no livro de mesmo nome. Em alemão: Die
Unendliche Geschichte, publicado por Michael Ende em
1979. O livro se tornou rapidamente um best-seller na Alemanha e nos Estados
Unidos, e foi traduzido para mais de 30 línguas (no Brasil, pode
ser encontrado pela Editora Martins Fontes). Em 1984,
a história (ou melhor, um pedaço dela) vira filme. O livro
é dividido em duas partes; a primeira termina onde termina o filme,
com uma diferença: Bastian não volta direto para a cidade,
na garupa de Falkor, para espantar seus amiguinhos malvados. Ele permanece
em Fantasia para reconstruí-la, e é aí que começa
a segunda parte do livro. Opa, a segunda parte do livro poderia virar
uma seqüência no cinema, não é? Quase virou.
Se você odiou as seqüências História Sem Fim II
e III, procure o livro. Está tudo lá; mas bem contado. |
Trecho:
Imperatriz: ...era o único jeito de entrar em contato
com uma criança.
Atreio: Mas eu não encontrei uma criança!
Imperatriz: VOCÊ ENCONTROU, SIM! Ele sofreu com
você. Ele passou por tudo que você passou, e agora ele veio
com você. Ele está muito perto, ouvindo cada palavra que
dizemos.
[Enquanto lê, Bastian não acredita.]
Bastian: O QUÊ?
Defeitos
especiais
É lindo, é emocionante, mas... não
tem como não dizer: História Sem Fim tinha efeitos especiais
bem tosquinhos. Se você reparar bem, o Gmorg, aquele lobo mandado
pelo "Nada" para destruir Atreio, aparece sempre só do
pescoço para cima, durante quase todo o filme. E na cena em que
Atreio finalmente se encontra cara-a-cara com o monstro e o mata com uma
punhalada, dá pra ver que o ele é só um cachorrão
de pelúcia, tão inerte quanto Fuchur (que mal movia a cabeça).
Certo, certo, o filme é de 1984. Mas depois de a Trilogia de Guerra
nas Estrelas (1974-1985), falta de tecnologia não
era desculpa. Mas com o tempo o diretor Wolfgang Petersen conseguiu melhorar
– e muito – sua equipe de efeitos especiais. Em 2000, ele
dirigiu Mar em Fúria e, em 2004, Tróia. Puxa, ele bem que
podia aproveitar esses orçamentos astronômicos para lançar
uma versão remasterizada do História! Os fãs agradecem.
Fontes:
fly.to/nesonline
www.fantasien.net/tnes
Elisa Volpato |
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FICHA
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Título
original: "Die Unendliche
Geschichte" - Alemanha, 1984 |
Barret
Oliver |
Bastian |
Gerald
McRaney |
Pai
de Bastian |
Thomas
Hill |
Koreander
(o dono da livraria) |
Noah
Hathaway |
Atreio |
Alan
Oppenheimer |
Voz
do Falkor |
Tami
Stronach |
Imperatriz |
|
Wolfgang
Petersen |
Diretor |
Trilha
sonora: Limahl |
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