Laranja Mecânica é um filme de Stanley Kubrick baseado na obra homônima de Anthony Burgess, de 1962.Filmado em 1971 influenciou toda a geração anos 80, dezenas de bandas como New Order, Human League, Heaven 17, OMD, Soft Cell, Pet Shop Boys, Erasure, Sigue Sigue Sputnik, Tek Noir, Front 242 entre outras. O Heaven 17, inclusive tirou o nome da banda do filme, na cena da loja de discos em que o Alex ao ver o Top Ten e as garotas comprando os discos, pergunta se elas vão comprar o Heaven 17, uma banda fictícia até então, criada por Kubrick. O Human League em seus shows usa dezenas de cenas do filme no telão que fica atrás da banda, sendo sua maior influência cinematográfica, já que na música o Kraftwerk é o pai de todos essas bandas. Trata-se da história de Alex De Large (Malcolm McDowell) e sua gangue de arruaceiros, adeptos da ultraviolência, que numa Inglaterra futurista cometem os mais hediondos crimes sob a influência do Moloko, uma bebida que intensifica sua potência quando misturada com leite. É um dos filmes mais sampleados da história do cinema, perdendo para Blade Runner, o filme mais usado em trechos de músicas em todos os tempos. Várias bandas usaram diálogos e sons do filmes em suas músicas.
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FICHA
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"Laranja Mecânica"
Título original: "A Clockwork Orange"
Reino Unido - 1971, 136 minutos.
Elenco:
Malcolm McDowell - Alex
Patrick Magee - Mr. Alexander
Michael Bates - Chief Guard
Warren Clarke - Dim
Adrienne Corri - Mrs. Alexander
Carl Duering - Dr. Brodsky
Paul Farrell - Tramp
Clive Francis - Lodger
Diretor: Stanley Kubrick
Escritores: Stanley Kubrick e Anthony Burgess
Produtores: Stanley Kubrick, Si Litvinoff, Max L. Raab, Bernard Williams Editor: Bill Butler
Diretor de Arte: Russell Hagg e Peter Sheilds
Figurino: Milena Canonero
Distribuidora: Warner, Clumbia
Gênero: Ficção, Crime, Drama
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Os druguis cometem os mais diversos tipos de crime: espancamento, roubo, estupro, assassinato, etc. e todos com uma característica em comum, a falta de motivo. Apenas por ser “da hora”.
Em um dos assaltos, a gangue de Alex espanca uma mulher até a morte e Alex acaba preso. Na prisão, é submetido a um tratamento totalmente alternativo: com os olhos abertos por meio de pinças, é obrigado a ver cenas e mais cenas de violência ao som de Beethoven. É o tratamento Ludovico. E o que mais dói para Alex é saber que jamais ouvirá a quinta de Beethoven sem sofrimento.
Realmente, Alex cria um tipo de aversão a violência, mas não por livre arbítrio, mas pelo condicionamento sofrido. Ao sair da prisão vê que seus colegas viraram policiais e que todos os seus bens foram confiscados. Acaba perdido na casa de Alexander, um escritor espancado até ficar paraplégico, cuja esposa foi violentada pela gangue de Alex. Ele não reconhece a princípio o agressor, mas após ouvir Alex cantando “Singing in theRain”, a mesma música cantarolada por Alex enquanto violentava sua esposa, o escritor percebe de quem se trata e prende Alex em um quarto ouvindo incessantemente a quinta de Beethoven. Alex não suporta a dor e se atira da janela. Acorda em um hospital, onde percebe que não sente mais dor ao pensar em atos violentos ou ao ouvir a música após o trauma sofrido.
Além do aspecto psicológico, o que mais é marcante no filme, e no livro, é a linguagem criada por Anthony Burguess, o Nadsat, uma mistura de russo, inglês e cockney. No início da leitura ou do filme, ficamos meio perdidos com a narração em Nadsat, mas acabamos nos acostumando com termos como druguis, buabuar, vinte contra um, gúliver, horrorshow, moloko, enfim, vale a pena ler e assistir ao filme, pois o filme é bem fiel ao livro que é uma obra incrível da literatura contemporânea.
O filme é também considerado o primeiro acorde do punk rock. Não sei se concordo com essa afirmação, pois o punk se rebelava contra o governo ou as condições sociais e Alex é somente um sociopata, não existe razão para sua violência além da própria vontade, embora a violência não tenha justificativa.
Curiosidades:
Aconteceram algumas coisas interessantes durante a filmagem. Na cena em que pinças foram colocadas nas pálpebras de Malcolm McDowell, suas córneas foram severamente machucadas ao ponto do ator ficar temporariamente cego.
Outra curiosidade: a cena em que Alex violenta a esposa do escritor Alexander foi gravada inúmeras vezes, sendo considerada muito convencional por Kubrick, até que ele pede que Malcolm dance durante a cena, e então ele cantarola e dança Singing in the Rain, música pela qual o diretor teve de pagar mais de $ 10.000,00 pelos direitos autorais. E anos depois, em um evento, Gene Kelly ignorou com certa repugnância Mcdowell, ainda ressentido pelo uso de sua música em uma cena tão violenta.
Todas as cenas não utilizadas no filme foram descartadas ainda enquanto o filme era rodado. Imagina quanto não valeria uma cópia não autorizada desse material, caso tivessem salvado alguma coisa antes do descarte?
Bem, um ótimo livro e um maravilhoso filme. Valem a pena serem lidos e relidos, vistos e revistos, pois sempre surge algum insight, algo que não tínhamos percebido antes.
Enjoy!