Don’t You Want Me
Dirigido por Steve Baron em 1981, mesmo diretor do inesquecível
Amores Eletrônicos (e vários
outros videoclipes New Romantics como Heaven 17, Tears for Fears, Japan,
A-ha, Thomas Dolby, Adam and the Ants, David Bowie etc) este é
um vídeo sobre fazer um filme, onde surgem, então, alguns
dos elementos clássicos das tramas cinematográficas: clima
misterioso, insinuações de desejo e crime, armas de fogo
e um certo jogo de poder. Desde o começo, a banda tinha uma característica
cinematográfica muito forte, com a exibição de slides,
vídeos e cenas de filmes expressionistas em seus shows, tudo comandado
por Adrian Wright. Aliás o Human League provavelmente tenha sido
a única banda dos 80 que tivesse um membro especialista em filmes,
clipes e visuais.
Parece ser um filme de mistério e na vida dos atores também
há um clima tenso com olhares marcantes, vigilância, tudo levando a crer que há relacionamentos mal-resolvidos entre eles.
O vídeo começa com um carro que aparece na escuridão
da noite enevoada e pára para dar carona a Joanne. Esta é
seguida por alguém em outro carro que se encontrava escondido,
à espreita. As cenas se desenrolam e aparece a sala de edição
anunciando que se trata de uma filmagem. O clip se passa entre cenas do
set, da sala de edição - comandada por Adrian Wright e Philip
Oakey -, do cinema onde Susan é observada por Philip - que se encontra
distante como quem não quer ser visto - e do próprio Philip
cantando com sua maquiagem forte, denotando androginia e glamour. Susanne,
charmosíssima, caminha pelo set e canta entre luzes e sombras olhando
para trás por um instante mostrando aos espectadores que é
observada por Oakey.
São
feitos closes de Philip e Joanne retratando uma época única na história da música, o New Romantic, fase em que o visual
assume grande importância, com influências do Glam Rock no visual e muito Kraftwerk na parte musical. Como diria Steve Strange, do
Visage - ícone do New Romantic nessa fase - "música e roupa são igualmente importantes.
Quero mostrar às pessoas de Paris (moda/roupas) e Londres (nascente synthpop/músicas), que ambas são importantes, juntas!"
No final, Adrian olha para a câmera sugestivamente, fazendo descobrir
que aquela sala de edição era também um cenário
e que tudo era ficção.
Curiosidade: Susan gritou de alegria quando soube que
Don’t You Want Me tinha alcançado
o primeiro lugar nas paradas nos Estados Unidos, vencendo Ebony
and Ivory, de Steve Wonder, que ela achava horrível.
Foi uma surpresa geral, afinal a própria banda quase deixou de
lançar a música em single. O álbum já tinha
gerado os singles Sound of the Crowd
e Love Action, que eram, até
o momento, os maiores sucessos da banda.
Decidiram lançar o single, com um poster da banda dentro, para
tentar levantar as vendas. Não imaginavam que aquele single viraria
provavelmente o maior representante da sonoridade 80. Ás vésperas
do natal de 81 chegaram ao topo britânico. Dias depois chegaram
ao topo dos eua, essa marca abriu as portas para todas as bandas britânicas.
Era a primeira vez que uma banda britânica ocupava esse lugar desde
os Beatles, e a primeira vez que uma música eletrônica chegava
ao topo americano... começava assim o que seria lembrado como "A
década do Technopop", como as capas do semanário inglês
New Musical Express em 1990, classificaram a década de 80. Susanne
e Phillip não tinham idéia que estavam praticamente inaugurando
a sonoridade da década e o domínio das bandas britânicas
na parada dos EUA.
Muita Luz!!!
Andréa Patrícia
Fontes:
http://www.league-online.com/