Don't You (Forget About Me)
         
       Numa 
        antiga mansão, numa sala inicialmente vazia, assim como a nossa 
        memória, surge Jim Kerr, o vocalista do Simple Minds, cantando 
        um dos mais aclamados refrões dos 80. “Hey, hey, hey, 
        hey! Uh! Oh!”. Exatamente, o clipe comentado desta semana é 
        o sensacional Don’t You (Forget About Me). A essência do clipe 
        é intensificar esse pedido de “não me esqueça”, 
        mostrando a citada sala vazia sendo preenchida com objetos diversos, como 
        cavalos-de-pau, jukeboxes, ursos de pelúcia, quadros, enfim, objetos 
        que remetem a lembranças, como se estivéssemos vasculhando 
        o quartinho de bagunça da nossa casa em busca de uma memória 
        qualquer. 
         
        Em televisões espalhadas pela sala são apresentados os integrantes 
        da banda no começo do clipe. Primeiro o baterista, Mel Gaynor, 
        depois o guitarrista Charlie Burchill, então o tecladista Mick 
        McNeil e por fim o baixista, Derek Forbes. Todos num visual pra lá 
        de New Romantic, assim como Jim Kerr, com ternos finíssimos e os 
        cabelos com topetes à lá OMD. É bom lembrar que pelo 
        menos até 1984 a banda é completamente New Romantic. Só 
        mais pra frente que a guitarra toma conta das músicas do Simple 
        Minds, mas mesmo Don’t You tem uma linha de teclado maravilhosa 
        e, no fundo, a bateria e o teclado são a base da música. 
        Se fosse bateria eletrônica, com certeza ficaria tão bom 
        ou melhor do que já é. 
           
      Cenas do filme O Clube dos Cinco também aparecem 
        nas mesmas televisões. Com Emilio Esteves no comecinho da carreira 
        e a musa adolescente dos 80, Molly Ringwald, esse filme de John Hughes, 
        o genial diretor que pode ser considerado um dos símbolos da década, 
        mostra cinco estudantes colegiais que nada tem a ver um com o outro tendo 
        de passar horas e horas juntos cumprindo “detenção” 
        num sábado de manhã, dentro da biblioteca da escola, “escrevendo” 
        uma redação sobre si mesmos, tudo isso como punição 
        por delitos escolares. É o filme mais introspectivo do diretor 
        John Hughes pois mostra as aparentes diferenças e a total semelhança 
        entre esses cinco adolescentes, se aprofundando em seus sonhos, aspirações, 
        qualidades, defeitos e histórias, e mostrando o quanto aprendemos 
        com o outro. Quem quiser saber tudo sobre o filme, é só 
        clicar na foto e conferir o que já publicamos sobre ele aqui no 
        site dos anos 80. 
        
      Por que falar do filme? Don’t You é a música 
        tema do filme The Breakfast Clube, ou O Clube dos Cinco como foi chamado 
        no Brasil. Engraçado é saber que essa música, que 
        foi primeiro lugar nas paradas americanas, foi rejeitada primeiramente 
        por Bryan Ferry e depois, quase não foi aceita pelo Simple Minds. 
        Jim Kerr achou a letra da música muito fraca, tanto que apesar 
        do sucesso alcançado pela música e pela banda depois do 
        filme, Don’t You não aparece no álbum lançado 
        logo após o filme. Realmente, não é a melhor letra 
        dos 80, mas a excelência do Simple Minds fez com que fosse uma das 
        melhores músicas da década, instrumentalmente falando. Por 
        que froi tão rejeitada? Talvez pela quantidade de refrões 
        da música que é bárbara. São três, o 
        comentado "hey hey hey", o "Don’t! Don’t! 
        Don’t! Don’t! Don’t You"... e o "lá 
        lá lá" final. 
            
       O clipe também obteve muito sucesso. Seja pela 
        referência ao filme ou pelo conjunto do clipe, ele foi indicado 
        a duas categorias do MTV Video Music Awards de 1985: melhor diretor ( 
        Daniel Kleinman ) e melhor direção de arte ( Mark Rimmell 
        ). Daniel Kleinman também dirigiu Madonna, na turnê The Virgin 
        e os clipes Love is Love do Culture Club e Middle of the Road dos Pretenders. 
        É interessante notar que o clipe, a música e o filme se 
        integram perfeitamente. Aqueles garotos jamais se esqueceriam daquela 
        manhã de sábado em que suas histórias se cruzaram 
        e lembranças e confidências foram trocadas. As quinquilharias 
        da memória dos garotos estavam naquela sala, e o Simple Minds grita 
        “Não esqueça de mim”. 
       
       Alguns 
        trechos do clipe são bastante interessante também. Na parte 
        em que Jim Kerr canta “You stand above me” (você 
        está acima de mim) é feita uma tomada de cima, mostrando 
        o vocalista cantando com as mãos erguidas e em baixo dele um ferrorama 
        e diversos carrinhos de brinquedo, as memórias da infância, 
        parte da história de todos nós. A sincronia entre a música 
        e o clipe fica bem evidente no final do clipe em que Jim Kerr está 
        sentado na jukebox, batendo palmas no ritmo da música e numa batida 
        mais forte da bateria, é mostrada uma cena do filme em que um dos 
        garotos leva um tapa. Outra cena sugestiva é a do começo 
        do último refrão, o “lá lá lá 
        lá”, em que a boca do vocalista aparece na televisão. 
        Isso mesmo, é para todo mundo se animar e cantar junto, o que sempre 
        acontece quando se ouve essa sensacional música do Simple Minds. 
           
           
         
            
       Curtam a música, o clipe e o filme que com certeza 
        fazem parte dos itens essenciais na nossa mochila de viagem de volta aos 
        80. 
        
      Muita Luz!!! 
       Cris Maggio 
      
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