Certamente New Year’s Day é uma
das músicas mais importantes da carreira do U2
e uma das mais adoradas pelos fãs da banda. Do Álbum War,
de 1983, a música foi responsável pela popularização
mundial da banda, transformando-os não somente em estrelas do pop
rock, mas principalmente em artistas engajados, preocupados e envolvidos
com os problemas mundiais. Isso não poderia ser diferente, já
que em sua cidade natal, Dublin, na Irlanda, foram tstemunhas desde cedo
da violência das guerras civis, da luta insana pelo poder e pelo
dinheiro. Assim como Sinéad O’Connor e Bob
Geldolf, também dublinenses, desde o início da
carreira o U2 grita contra as desigualdades sociais,
o preconceito e contra a violência.
Nesta semana, comemorando a vinda do U2 para o Brasil
para apresentações nos dias 20 e 21 de fevereiro de 2006,
o Projeto Autobahn presta uma homenagem à banda realizando o encontro
nacional dos fãs no sábado, dia 18/02, e disponibilizando
no site dos anos 80 tudo sobre o clipe dessa obra prima que é New
Year’s Day.
Dirigido por Meiert Avis, também
responsável por vídeos do Bruce Springsteen
e do Van Halen, além da direção
do filme Bem Longe de Casa, com Drew Barrymore,
o clipe inicia com imagens dos integrantes da banda como cavaleiros da
paz, com suas bandeiras brancas, numa marcha solitária, mas impactante,
contra a violência. As cenas noturnas de guerra lembram as transmissões
ao vivo da guerra do Kwait nas telas brasileiras. São mísseis,
canhões
e trincheiras assassinas denunciando a destruição causada
pela luta armada, uma constante nas composições de Bono
e sua trupe, também presente em Sunday Bloody Sunday, do mesmo
álbum.
As duas canções, porém, falam de
situações diferentes. Enquanto Sunday Bloody Sunday
convoca os irlandeses a se unirem contra a violência das guerras
civis de sua pátria, citando o mundialmente conhecido Domingo Sangrento,
dia 30 de janeiro de 1972, data considerada como o marco do início
dos confrontos entre o exército britânico e o Ira, a música
New Year’s Day, segundo Bono Vox no livro
“His Own Words”, é uma canção
de amor. No livro o cantor afirma ter subconscientemente pensado no líder
revolucionário Lech Walesa, que foi preso e proibido
de ver sua mulher após o início da Lei Marcial na Polônia.
Coincidentemente ou não, a Lei Marcial entrou em vigor logo após
o lançamento da música New Year’s Day.
Vê-se
entre as lutas das duas nações uma semelhança enorme,
já que ambas buscavam a união do povo contra a invasão
e domínio da Inglaterra, no caso da Irlanda, e da URSS no caso
da Polônia. As imagens do clipe, filmado nas montanhas geladas da
Suécia em dezembro de 1982, colocam o branco da paz como estrela
principal do clipe. A frase “we can be one” ou “we
can be as one” (podemos ser um só) estão presentes
nas duas letras, fazendo uma ligação entre as músicas
e, principalmente, entre as lutas tema das mesmas.
Outra figura bastante interessante é a dos cavaleiros
da paz vistos através do teclado em uma das cenas do clipe. Possivelmente
neste ponto se faz uma referência ao poder da arte, da música,
nas lutas pelos direitos humanos, algo sempre presente na brilhante carreira
do U2.
Parabéns a esses garotos irlandeses que desde os anos 80 soltam
a voz e gritam mesmo contra todas as mazelas da raça humana. Que
sempre existam artistas, líderes, pessoas interessadas em preservar
a paz, a liberdade e todos os demais direitos humanos. Nós, os
fãs, agradecemos e aplaudimos a postura exemplar dessa banda que
conquistou seu lugar no show business com New Year’s Day,
se tornando uma das mais influentes e adoradas bandas de todos os tempos.
Muita Luz!!!
Cris Maggio
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