Lembranças
Casas Noturnas dos anos 80 - Parte V

 


Aeroanta – Aqui o pessoal curtia mesmo assistir uns shows totalmente fora do circuito, muito alternativo, e bandas que estavam começando, e precisavam de um espaço para se apresentar em Sampa.

Inaugurada em novembro de 1987, essa casa ficava na Rua Miguel Isasa, 404, no Largo da Batata, Pinheiros. Lá se apresentaram bandas como Fellini, Mercenárias, etc. A estrutura era formada por dois galpões de 350 m2, um ficava o bar e o restaurante. No outro ficava a pista de dança, o palco, uma arquibancada e um mezanino.

O Ponto – Esta casa ficava na Alameda Santos, nos Jardins, pertinho da esquina da Rua Augusta. Tinha 2 andares, onde no 1º, ficava uma pista super aconchegante, com uma iluminação muito moderna e cheia de sofás. No andar de baixo, tinha um outro espaço onde às vezes rolava shows de banda fazendo covers das Bandas dos ano 80, e neste espaço, tinha uma porta para um jardim, que tinha um Coqueiro bem no meio do imóvel, e um bar bem tropical. Em noites com o tempo bom, era uma delícia ficar lá fora, e curtindo o som da casa.

Zoster – Esta casa era mais voltada para o público que curtia gótico e EBM, lembrava um pouco o Retrô e o Madama Satã, mas a casa era mais “chique”, principalmente pela localização no Itaim. Em 88 a casa se mudou para São Caetano, sempre com muita qualidade, fez história na noite de São Paulo.


Cartão de sócio - Chicago

Chicago – Esta danceteria lembra muito o estilo do O Ponto, e ficava em Moema. Tinha uma pista grande, muito bem iluminada também, e bem frequentada. Fazia parte de um grupo de danceterias, onde a gente podia ter carteirinha para frequentar com desconto as 4 casas do grupo.

Show Days Saloon(Resumo da Ópera) – A maior diferença desta danceteria, era que ficava dentro de um shopping Center, no Eldorado. Antes de ter este nome, chamava “O Resumo da Ópera”, e muita gente que eu conheço foi atraída prá conhecer a casa só por causa dos nomes diferentes que eles inventavam. Acho que, por causa da localização.

Gallery – Essa era uma casa de muito glamour nos anos 80 e por que não dizer com muita vaidade em alguns casos. A grande verdade é que Gallery sempre foi conhecido como caso de luxo e de pessoas famosas nos anos 80. Por lá passaram personalidades como: Pelé, Vera Fisher, Luiz Brunet, Senna, Chiquinho Scarpa e muitos outros.

A casa que teve seu auge nos anos 80, na realidade foi inaugurada em abril de 1979 na Rua Haddock Lobo, 1.626. Era muito comum ver Limusines, Ferrari e vários tipos de Mercedes Benz na porta, e também era comum o trânsito mega-parado naquele quarteirão e alguns “loucos” que passavam só para zuar ao passar na frente ou ficar na porta de olho no movimento, sim...tinha muito bicão que ficava só na porta em meados dos anos 80!


A famosa entrada na Rua Haddock Lobo

O local era tão famoso em todo Brasil que vinham personalidades de vários Estados e até de outros países. José Victor Oliva, José Pascowich e Ugo di Pace disponibilizavam uma limusine para as personalidades que vinham do aeroporto e na volta antes do embarque em Congonhas, um “simples” café da manhã no Maksoud Plaza.

A casa tinha uma esquema de (clube do sócio) que dispensava cartão de crédito, para quem tinha este cartão de associado, comiam e bebiam a vontade e o Gallery enviava no fim do mês uma fatura para estas pessoas.

O local mudou de nome algumas vezes: Gallery, Gallery 21 e Gallery Oggi, o som que rolava por lá mesmo sendo nos anos 80, era mais voltado para a disco music dos anos 70, devido também a faixa etária de seus freqüentadores. Além de alguma noites com champanhe e camarão e um fato curioso era o banheiro cheio de caixas de Epocler.

Nos anos 90 a casa deu uma decaída forte em relação aos famosos que por ali freqüentavam e também em relação ao preço que baixou, mas para um pobre mortal que sou, adorei isso e freqüentei algumas vezes a casa nos anos 90 e também era um lugar muito fácil de se reservar um aniversário e festas de empresas. As músicas realmente deixavam a desejar para os amantes de Synth Pop que é meu caso, mas era bacana curtir uma balada que foi famosa por um preço bem mais acessível na época que as outras casas que estavam com fama ou da moda.


Pista do Gallery

Não era um freqüentador assíduo, mas o Gallery sem dúvida foi uma grande referência da vida noturna em São Paulo e no Brasil.

Alguns acontecimentos engraçados que tiveram por lá:

- Gugu Liberato que fez um leilão de peças íntimas da atriz Matilde Mastrangi.

- Victor Oliva foi dar um abraço em Tony Benett e saiu com a peruca do cantor enroscada no relógio.

- Mikhail Baryshnikov que parou a pista de dança e deu suas piruetas.

- Cindy Lauper que estava meio “xapisca” e improvisou um showzinho com play-back ao ouvir sua música nas caixas de som.

Broadway - Era localizada na Av. Marques de São Vicente, vou agora desenterrar lá do fundo do baú, mas antes de ser Broadway, parte de seu terreno era uma pista de skate. Tinha um Half-Pipe por lá e o pessoal que era mais “das antigas” tiravam algumas manobras legais.

Naquela época existiam as famosas domingueiras nas redondezas, entre elas o Clube Nacional e o Palmeiras que cheguei a freqüentar várias domingueiras quando eu era sócio do Palestra.

Em meados dos anos 80 era uma casa noturna que lotava, boas músicas, cheguei a assistir um show da Banda Metrô e era gostoso por sempre encontrar o pessoal do bairro ou do colégio. Contudo, nem tudo que reluzia na Broadway era ouro! Nessa época, toda o fim de semana (sem exceção), tinham brigas bem feias na porta. Na maioria eram brigas não por estilos, mas brigas de bairro entre Bairro do Limão, Freguesia do Ó, Brasilândia, Vila Penteado, Parque Tietê, Damasceno, Jardim do Tiro, Vila Dionísia, Vila Carolina, Jardim Primavera e mais alguns. Como podem ver, por ali as brigas não eram fáceis e era complicado ter a turma do “deixa disso” se de um lado da avenida tinha um grupo de 25 pessoas e do outro lado mais 20 prontos para brigar. Isso foi um dos pontos que fez a casa cair bem...e quando digo cair.é literalmente, pois uma vez a B’way onde ficava o cirquinho chegaram a derrubar a estrtura.


Broadway

Mas falemos de coisas boas e que ficaram na memória nos tempos da B’way, entre elas o Bar que lotava antes de abrir a casa e os homens detonando no Piper Menta com Fogo Paulista e a mulherada mandando brasa no St. Remy. Ver os amigos e de olho no relógio Champion em que hora iria começar as músicas, atazanar aquela menininha do bairro, tinha uma grande turma que dançava de passinho. Eu confesso que não ficava nessa área, eu na maioria das vezes ficava no cirquinho onde tocavam mais os B-Sides dos anos 80. Eu e minha turma pulávamos e dançávamos a mil por hora em música que nunca faltou no cirquinho da B’way que era Los Niños Del Parque, além de Tones on Tail, Front 242 e Toy Dolls.

Broadway foi uma casa que muitos lembram e por lá rolava muito Flash House, o pessoal também ia a delírio com as músicas do Noel.

Nos anos 90 a grande maioria dos “locais” ficavam mais na parte de fora do que de dentro, quem morava na região da Zona Norte aos domingos, sempre dizia: “Vou na saidinha da Broadway”. Por lá existiram inúmeros rachas na Marques de São Vicente quando começaram a aparecer os carros Turbo e na avenida sentido Ponte do Piqueri, parecia um formigueiro de tanta gente. Infelizmente muitos acidentes aconteceram por lá inclusive fatais, que chegou a ser notícia até no Jornal Nacional da Rede Globo.

 

Paully Le Bon