Lembranças
Como era o visual nas Baladas dos Anos 80

Hoje vamos relembrar um pouquinho como eram as casas noturnas nos anos 80. Iremos comentar sobre o comportamento, tendências, regras e estilos que foram marcantes aqui no Brasil, especificamente no período 1987-89. Resumindo, como a gente ia pra balada nos anos 80!

Naquele tempo, o freestyle chegou com força total e agradava todos os públicos, assim como o House de Chicago de Housemasters Boyz e o Acid House do M/a/r/r/s. tanto que antes da popularização mesmo do estilo, essas músicas só eram nas casas alternativas de São Paulo (hoje chamadas de góticas) que na verdade tocavam os principais lançamentos das gravadoras alternativas de fora. O House nasceu como no underground, tanto lá fora, quanto aqui no Brasil, as casas ditas do underground de SP que começaram a tocar as músicas de house, até porque o primeiro Acid House do mundo veio de uma gravadora de peso no mundo alternativo, a 4AD (mesma gravadora de Cocteau Twins, Dead Can Dance e Clan of Xymox, entre outros ícones da subcultura alternativa), o acid house era uma subversão das músicas do cenário pop mundial, o alternativo para os jovens ingleses e por consequência aqui no Brasil era ouvir house, na sequência podíamos ouvir Neon Judgment, The Cure e a clássica House Nation, ou ainda Front 242 seguido de Pump up the Volume e X-mal Deutschland, nas casas alternativas. Em meados de março de 1988 o house virou moda no Brasil, e passou a tocar além dos limites das casas alternativas como o espaço Retrô e Woodstock, para ganhar as casas mais populares como Toco, Contramão, Zoom, Rhapsody, etc. Ali o movimento underground ganhava finalmente as grandes pistas de São Paulo, como aconteceu com Cure, Bolshoi, Siouxsie & the Banshees 2 anos antes que começaram nas casas alternativas e ganharam as pistas das casas mais populares em 86 e 87, incluindo o show inesquecível da Siouxsie em plena Contramão, a história do "dark" de 86, se repetia com o house em 1988, dos porões para as grandes pistas. E tomou de assalto todas as pistas desde as cidades metropolitanas como a Sunshine, Apple, One Way e Rhapsody, até as mais centrais, na região dos Jardins como Woodstock e Up & Down (na Consolação e Pamplona, respectivamente).

Ao mesmo tempo, estilos como Acid House e New Beat também faziam muito sucesso, porém de forma errada, todos são classificados como “Flash House”, do Technopop de bandas como New Order, Depeche Mode e Erasure até o Acid House de Bomb the Bass e S-Express, do New Beat de The Maxx e Confetti's ao Freestyle de Noel e Information Society, do EBM do Front 242 e A Split Second ao House de Chicago de Housemasters Boyz e Inner city, tudo era chamado de House aqui no Brasil, hoje em dia Flash House, ao mesmo tempo em que o New Romantic, New Wave, Dark e Italo Disco ainda não tinham saído de moda, então no Brasil era a mistura geral, no Brasil, o que tocava nas pistas de dança era chamado de House, tem até um disco da Som Livre que serviu pra confundir ainda, com nome Acid House a coletânea trazia Headhunter do Front 242 um clássico do EBM no meio de uma coletânea de Acid House, o que nunca aconteceria lá fora... mas o que mais importava era curtir e dançar nas festas, bailinhos e danceterias.

O figurino era levado muito a sério, tudo tinha muita classe, o Dress Code chegava ao Brasil, os homens, por exemplo, na maioria das casas só podiam entrar com sapato social ou no mínimo calçados de camurça como London Fog ou Cannon, nas melhores casas, ou então o clássico Starsax (que gerou até propaganda ao som do Kraftwerk), menos o tênis, quem fosse de tênis era barrado na porta. Os homens vestiam camisas sociais ou no máximo camisa polo, a entrada com camisetas não era permitida nas principais casas, o Rhapsody Club mesmo barrava entrada de pessoas com camisetas até 1986 e na Up & Down era fora de cogitação tênis, camiseta. Em todas elas havia o consenso, totalmente vetado o uso de bermudas, bonés e regatas. Outro detalhe importante, todo mundo fazia a barba, na balada o mais brega era estar de barba, no máximo alguns deixavam o famigerado bigode mas isso dependendo da casa, porque na maioria deles, ninguém usava barba nem bigode, o sinônimo de beleza masculina era se parecer com os ídolos das garotas, como A-ha e Duran, isto é... nada de barba e muito gel nos cabelos.... ah sim e os perfumes... o unissex mais usado nas pistas alternativas era o Frenesi, nas baladas mais pops era o Stilleto para os meninos e Giovanna Baby para as meninas... na virada da década o Thaty começou a substituir o Giovanna Baby nas baladas, às vezes era tanta gente usando que parecia que a casa tinha colocado o perfume na máquina de fumaça. Outra combinação inesquecível era calça jeans e blaser, os mais descolados que amavam as bandas inglesas, acabaram adaptando o visual para calças jeans baggy e semi-baggy com blasers. As meninas adoravam usar as saias balones, e as polainas da New Wave ainda resistiam... Ombreira? Sem dúvida. Firme e forte.

O Acid House chegou às passarelas, incluindo desfiles em Londres e Milão com figurinos que retratavam as pistas de Acid House de todo o mundo. O símbolo do Acid House era o smiley, que até hoje é usado por todos os jovens e crianças sem saber a origem dos emoticons, o primeiro emoticon do mundo, o smiley surgiu com os discos de Acid House, incluindo o clássico single de Beat Dis do Bomb the Bass, a partir daí quem queria estar na moda, tinha um botton do smile na jaqueta ou até camisetas impressas com o smile.

Como o estilo New Romantic era bem intenso por causa de bandas como A-ha e Duran Duran, homens e mulheres usavam as camisas com ombreiras. E também tinha o famoso lencinho, que eram usados no pescoço ou na cabeça, o mais interessante era ver as pessoas fazendo passinhos de “flash house” com o lencinho new romantic na mão, fazia parte da performance mesmo sendo uma vestimenta "importada" de outro estilo, que arrebatava corações das fãs do A-ha e do Duran.

Na parte dos bares, umas das bebidas mais vendidas era o Keep Cooler, era muito estiloso e delicioso ter sempre uma garrafinha nas mãos. Hoje em dia a bebida clássica das pistas dos anos 80 pode ser encontrada com exclusividade na pista Autobahn que além dos hits que fizeram a história dessas casas noturnas nos 80, tem as bebidas que vendiam na época com exclusividade no Brasil, uma experiência completa de reviver ou para os mais conhecer com fidelidade como eram as baladas nos anos 80.

Sábado é dia de reviver tudo isso na festa que há mais de 23 anos mantém viva a cultura dos anos 80!


Carlos Simões
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