Lembranças
Programas Infantis dos anos 80

Hoje vamos matar a saudade de alguns programas que marcaram a nossa infância na década de 80.

Qual de nós não tinha seu programa favorito? Aquele que a gente ficava grudado no sofá, olhando sem piscar para a TV, fazendo a alegria dos nossos pais com tamanho sossego? rsrs
Então, vamos viajar no tempo e relembrar alguns dos programas da década de 80.

Clube da Criança
Foi o programa que fez a Xuxa deixar de ser a musa mais desejada do Brasil para se transformar na apresentadora infantil mais amada do país. O Clube da Criança estreou na Manchete quando a emissora entrou no ar, em 1983, com o palhaço Carequinha à frente (depois, ele apresentou o Circo Alegre). Xuxa assumiu em 1984 e comandou o programa durante dois anos, já sob o comando da Marlene Mattos. A atração também lançou a primeira paquita, a original, Andréa Veiga.

Com a saída da Xuxa para a Globo, o Clube virou um simples programa de outra loira como apresentadora, só que desta vez criança: Angélica, que já havia comandado a Nave da fantasia na própria emissora.

Angélica dividia a apresentação com Ferrugem, só que a dobradinha durou poucos meses. Em 1988, com a loirinha sozinha diante das câmeras veio a consagração: o programa aumentou o ibope com as aventuras japonesas de Jaspion e Changeman e Angélica se popularizou com a música Vou de táxi. E em 1990, uma das angelicats, assistentes de palco da loirinha debutava na TV, aos 14 anos: Giovanna Antonelli.

Bozo
Sucesso em mais de 40 países, o Programa do Bozo (que mais tarde virou só Bozo) estreou no Brasil em 1980, na TVS. Cinco atores encararam o palhaço em rede nacional: Wandeco Pipoka, Luís Ricardo, Arlindo Barreto, Décio Roberto e Marcos Pajé. O mais famoso deles foi Luís Ricardo, contratado em 1982, quando explodiu a “Bozomania”.

Como em certas épocas o palhaço ficava no ar até oito horas e meia, de segunda a sábado (das 8 às 14h30 e das 16h30 às 18h30), outros atores foram contratados para se revezar no papel. Afinal de contas, o programa era ao vivo e o calor nos estúdios da TVS derretia a maquiagem do palhaço. Foi chamado, então, Arlindo que ao lado de Luís Ricardo era o que mais tempo permanecia no ar. Mais tarde, veio Décio, que dividiu as câmeras com Luís Ricardo até o programa sair do ar, em 1991. No fim dos anos 80, Marcos Pajé também interpretou o palhaço, sempre no sistema de revezamento.

Curiosidade: A grande febre do programa foi com Luís Ricardo. Ele estreou lançando o quadro Bozo memória, em que as crianças participavam ao vivo pelo telefone 236-0873. Na hora do programa, a central da antiga Telesp congestionava, e, certa vez, um tronco da empresa chegou a entrar em pane, deixando milhões de paulistanos sem telefone.

E quem não se lembra também da senha para o início do programa? “Alô, criançada, o Bozo chegou, trazendo alegria para você e o vovô!”. E a música de encerramento, lembra? “Sempre rir, sempre rir, para viver é melhor sempre rir”. O Bozo tinha também seus bordões: “Ah, que peninha!!!”, criação de Luís Ricardo e o “Dá uma bitoca no meu nariz” de Arlindo Barreto.

Chaves
O seriado mexicano estreou no Programa do Bozo, em 1984. Pouco depois, ganhou um horário próprio e, no fim dos anos 80, virou um sucesso absoluto, a ponto de o SBT exibi-lo no horário nobre a partir de 1988, incomodando a Globo. Chaves, um menino órfão com sardas na cara e que estava sempre com fome, era interpretado por Roberto Bolaños, o Chesperito, que tinha 42 anos quando começou a gravar o programa, em 1971. Chaves vivia na casa 8 da vila (que nunca aparecia), mas tinha um esconderijo secreto: um barril.

Curiosidade: Quando começou a ser gravado, em 1971, Chaves era um quadro no programa de Chesperito e, além do personagem-título, só tinha Chiquinha e seu Madruga. Só em 1973 ganhou um programa próprio e novos tipos. São dos primeiros dois anos aqueles cenários pobres que ficaram famosos aqui no Brasil, feitos de isopor e papelão.

Bordões do Chaves: “Foi sem quer querendo...”, “Isso me escapuliu”, “Piiiiiii pipipipipipi…” (quando ele chorava), “Ninguém tem paciência comigo…”, “Isso, isso, isso…”.

Chapolin
Chapolin foi criado um ano antes de Chaves, em 1970, embora no Brasil tenha vindo ao rastro do garoto esfomeado. Roberto Bolaños também vivia o herói atrapalhado e mulherengo. Chapolin detectava seus inimigos com suas anteninhas de vinil.

Suas armas, além da astúcia, eram a marreta biônica (tipo o martelo do Thor) e a corneta paralisadora, capaz de parar pessoas e objetos. Ele tinha ainda as famosas pastilhas (ou pílulas) encolhedoras, que permitiam que ficasse com cerca de 20 cm de altura, mas por 15 minutos no máximo. O elenco de apoio do Chapolin, incluindo os vilões que ele enfrentava, era basicamente o mesmo de Chaves.

Curiosidade: No México, existe um gafanhoto avermelhado e comestível chamado Chapolin. Daí as antenas do nosso herói.

Bordões do Chapolin: “Não contavam com a minha astúcia!”, “Suspeitei desde o princípio!”, “Aproveitam-se da minha nobreza”, “Silêncio! Minhas anteninhas de vinil estão detectando a presença do inimigo”, “Sigam-me os bons!”, “Palma! Palma! Não priemos caniço!”

Bambalalão
Fazia a linha educativa e passava só em São Paulo, na TV Cultura, de segunda a sexta-feira, às 17h. Chegou a ser exibido no Rio de Janeiro, na TVE, mas em temporadas sem continuidade.

O cenário era um circo e tinha jogos, brincadeiras, mímica, teatro, canções infantis e histórias. Gigi Anheli esteve à frente do Bambalalão nos 14 anos em que ele ficou no ar, entre 1977 e 1991. Alguns personagens marcaram época, como o estabanado palhaço Tic Tac e o cientista Professor Parapopó, que sempre usava paletó xadrez e aqueles óculos de plástico com narigão e bigode. Tinha também um boneco, o Bambaleão, um leão galanteador e meio cafajeste.

Quando terminava de contar uma história, Gigi sempre encerrava com uma frase que virou marco do programa: “Essa história entrou por uma porta e saiu por outra, e quem quiser que conte outra”.

Balão Mágico
Em 1983, a Simony já havia estourado no Brasil todo com o grupo Balão Mágico, quando virou apresentadora infantil da Globo, aos 6 anos. O nome do grupo batizou o programa diário que ela comandava ao lado de Fofão, uma mistura de homem, cachorro e ser intergaláctico, interpretado por Orival Pessini. No início, Fofão não falava: apenas emitia ruídos, que eram traduzidos por Simony. Na abertura, ao som de Lindo balão azul, de Guilherme Arantes, Simony e várias crianças apareciam fazendo uma viagem num balão de 38 metros de altura.

Balão mágico começou com uma hora de duração e com a Simony e o Fofão apenas fazendo pequenos quadros entre os desenhos animados. Mas o sucesso fez a atração espichar a cada ano (ficou no ar até 1986) e ganhar novos quadros que ensinavam desde mágicas a atividades artesanais.

E ainda temos alguns outros programas que falaremos em uma próxima edição.
Por enquanto, vamos ficar relembrando esses programas infantis tão especiais da nossa época.

Andrea Bergamo, Reynaldo Rivero e Enzo