Lembranças
Sítio do Picapau Amarelo

Olá oitentistas de plantão, chegando a uma das festas mais características do interior do Brasil não poderíamos deixar de mencionar um sucesso de nossas infâncias, que além de proporcionar cultura, já que aborda um clássico da literatura brasileira, também contribuiu para ficarmos ligados na tela da TV. Sítio do Pica pau amarelo e toda a sua magia, encanto e mistério, é o que vamos "degustar" nos próximos parágrafos.

A primeira versão que foi ao ar na TV ocorreu pela TV Tupi no começo da década de 1950. O seriado mais famoso do mesmo teve a produção da TV Globo com a parceria da TVE (TV Educativa do Rio de Janeiro), nos anos que correspondem de 1977 a 1986. A crítica até os dias atuais vê com bons olhos a versão mais famosa do seriado televisivo que aborda a obra do escritor paulista Monteiro Lobato.

O responsável pela direção e toda produção ficou a cargo de Geraldo Casé, considerado o pai do programa no tempo que a atração foi exibida pelas emissoras cariocas. Com datas mais exatas, a sua estréia ocorreu em 7 de março de 1977 e saiu do ar em 31 de janeiro de 1986, contando com 69 episódios e 1.568 capítulos.

Como era de imaginar em uma atração de longo período de exibição, ocorreram algumas alterações em seu horário de exibição. De 1977 até 1981 o Sítio esteve no horário das 17h30, com reprise na manhã seguinte. A partir de 1982 com a entrada do Caso Verdade às 17h30, o Sítio mudou de horário para as 16h45. 1983 o Sítio foi para o ar ao meio-dia, retornando às 16h45 em 1984. Em 1985 e 1986, últimas temporadas, o Sítio retornou no horário antigo normal das 17h30.

Em relação a locação para servir como pano de fundo as filmagens, foi escolhida a zona oeste do Rio de Janeiro, em específico a região da Barra de Guaratiba, contendo aspectos importantes que Monteiro Lobato retrata em seu livro, caso de um sítio com casa, curral e jardins.

O enredo conta com os personagens interessantes, como Dona Benta, Tia Nastácia, Emília, Narizinho, Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Tio Barnabé, Saci Pererê, Cuca, Rabico e demais figuras que torna a história singular e rica.

Além da versão da Rede Globo, outras emissoras já aventuraram-se em reproduzir o trabalho de Monteiro Lobato. A primeira foi a TV Tupi entre os anos de 1952 e 1962, um fato curioso é que as atuações dos personagens eram realizadas ao vivo. Na TV Cultura de São Paulo ocorreu em 1964 e na TV Bandeirantes entre 1967 e 1969.

Além da versão clássica da Globo e que fez parte da nossa infância, eles reproduziram uma segunda versão, foi ao ar entre 2001 e 2007, essa com algumas adaptações contemporâneas, no meu ponto de vista perdendo a essência literária de Monteiro Lobato e empobrecendo o roteiro do seriado.

Para "progressistas" foi algo ousado para cativar as crianças da década de 2000, essas habituadas a um mundo tecnológico e de facilidades e aos saudosistas uma infeliz opção por acrescentar elementos desnecessários, tornando a serie mais comercial ao invés de entretenimento, já que havia algumas ações de merchandising voltadas ao público infantil.

Observamos que no decorrer do tempo muitas características simples vão perdendo espaço com a massiva presença de "enlatados infantis" oriundos da chamada América. Festas junina e julina em algumas regiões do Brasil ainda preservam costumes e características mas em grandes centros interesses são introduzidos e assim como a segunda versão do Sítio do Picapau Amarelo da Rede Globo, ao invés de entreter torna-se algo comercial.

Saudade do tempo onde as coisas eram feitas com o coração. Felizmente existe o Projeto Autobahn e o 80's Club para nos proporcionar excelentes momentos e resgatar sentimentos que compõe nossa essência.

Aldiéres Silva