Primeiro álbum de Garotos Podres, Mais Podres do que Nunca foi lançado em 1985 e produzido por ninguém menos que Redson Pozzi. Para quem não sabe, Redson Pozzi foi baixista e um dos fundadores da banda paulistana Cólera, umas das primeiras do cenário punk brasileiro.
Sucesso inesperado, o álbum teve aceitação realmente surpreendente. Não há registro de que tenha entrado nas paradas brasileiras, mas atingiu a marca de 50.000 cópias vendidas. Número que renderia disco de ouro nos dias de hoje, mas infelizmente representava apenas a metade do caminho na época de seu lançamento.
O ano de seu lançamento foi um tanto quanto conturbado. Graças ao movimento Diretas Já no ano anterior, o tão sonhado fim da ditadura havia chegado. O ano de 1985 começou com a perspectiva de um presidente eleito pelo povo, Tancredo Neves. Mas infelizmente faleceu antes mesmo de assumir o cargo, o que resultou na posse do então vice-presidente, José Sarney. A influência de todos esses acontecimentos e o impacto ainda causado pelo clima tão recente de opressão da ditadura está bem clara em todas as faixas do álbum. Além da natural aversão ao regime capitalista. Por causa da forte crítica presente nas letras de “Johnny” e “Vou Fazer Cocô”, ambas foram censuradas na época. Para evitar novas censuras, a banda alterou os nomes das músicas “Maldita Polícia” e “Papai Noel Filho da Puta” para “Maldita preguiça” e “Papai Noel Velho Batuta”. Embora a crítica seja evidente em todas as faixas, a alteração dos nomes deu resultado. Para quem gosta do bom e velho punk o álbum é muito bom e representa bem o cenário da década de 80 no Brasil. Nos faz lembrar que ainda há pouco passávamos por situações tão precárias. Bem polêmico, agradou aos jovens. Pois em uma época em que realmente lutavam por menos injustiças toda forma de reivindicação era válida, principalmente por meio da música.
|
|||||||
Natascha Coelho |