"Crash" é o quinto álbum de estúdio do Human League e foi lançado em 1986. Ao contrário dos álbuns anteriores e posteriores da banda, a influência de R&B é evidente.
Jam e Lewis tinham desenvolvido um interesse em trabalhar com o Human League após o sucesso de seus lançamentos nos EUA, mas eles também procuravam uma oportunidade para passar para o pop mainstream e produzir um álbum do Human League era como uma oportunidade perfeita. Em fevereiro de 1986, o Human League embarcou para os EUA até Minneapolis para trabalhar nos estúdios Flyte Tyme com Jam e Lewis. Após o entusiasmo inicial em ambos os lados, a relação de trabalho começou a quebrar. Jam e Lewis tinham total controle sobre a finalização do álbum e insistiram que suas próprias faixas prevalecem sobre as do Human League. Jam e Lewis também foram intolerantes com o descontraído método de trabalho passado da banda. Os tecladistas Philip Adrian Wright e Ian Burden tinham sido marginalizados por Jam e Lewis. Wright (um membro original) não se recuperou da humilhação e sentindo-se redundante, ele imediatamente deixou a banda e regressou ao Reino Unido, um ano depois Burden iria segui-lo. Com essa atitude dos produtores, o álbum Crash, se tornou o disco com menos sintetizadores do Human League, que na verdade era o ponto de destaque da banda pelo seu pioneirismo no uso dos sintetizadores, quando ganharam o apelido de os Beatles da música eletrônica. Isso tornou Crash o álbum mais fraco da banda até então, mas com mais apelo comercial utilizando o baixo e a guitarra, que ainda era o que norteava a atrasada produção norte-americana. O que explica o sucesso mais forte no mercado norte-americano.Após 4 meses, em Minneapolis, Oakey deixou a banda de fora de mais gravações e eles voltaram para Sheffield, deixando Jam e Lewis para completarem o álbum com músicos contratados. Embora na época a banda tinha tudo, mas lavou as mãos na pós-produção do álbum, ao ser lançado, ele rapidamente se tornou um sucesso inesperado. Uma das composições de Jam e Lewis, 'Human', foi lançada como o primeiro single do álbum e tornou-se o segundo number-one hit do Human League nos EUA e number-eight no Reino Unido. “Crash” em si, foi mais popular nos EUA que no Reino Unido. Os singles seguintes "I Need Your Loving" e o apenas lançado no Reino Unido em 1988, "Love Is All That Matters" não foram tão bem-sucedidos.
No entanto, “Crash” teve sucesso no retorno do Human League de volta à proeminência mainstream em ambos os lados do Atlântico, 5 anos após seu álbum "Dare". Phil Oakey, analisando em retrospectiva, sabe o êxito comercial deste álbum na carreira da banda e um dos principais motivos pelos quais eles ainda estão até hoje na ativa, excursionando pelo mundo e gravando ocasionalmente. O que eu mais apreciava sobre “Crash” era que o Human League exibia um quente e agradável som e tipo de dança de clube. É claro que soava "americano" - o que isso significa, não podia deixar de ser, o álbum foi produzido nos EUA pelos produtores mega-talentosos Jam & Lewis da Flyte Tyme Productions (responsáveis por contribuir para o sucesso de Janet Jackson, SOS Band, Cherelle e Alexander O'Neal).
Crash é um disco meio hibrido, tem o típico som eletrônico 80’s, junto com o R&B de Minneapolis, que ainda soa bem hoje. Crash também demonstrou que o Human League não tem necessariamente de aderir à seu som usual fortemente sintetizado e muitas vezes soando frio, que catapultou-os para voltar ao topo que tiveram no início dos anos 80 com “Don't You Want Me!”
Faixa a faixa: Money: uma levada bem próxima à Jody Watley, Janet Jackson, Robbie Nevil, e tudo que se fazia nos EUA sob a influência do R & B, uma letra bem realista, contrapondo a liberdade ao domínio da paixão pelo dinheiro, para as pessoas serem realmente livres, precisam se desapegar do dinheiro. Simplesmente maravilhosa a letra! Human: Uma das mais belas músicas da humanidade, uma música pra lá de realista, principalmente após a chegada da década de 80, que revolucionou comportamentos e costumes, ele fica com outras pessoas enquanto estavam separados e se desculpa, e ela responde, que as lágrimas dela não eram de dor, mas de vergonha e culpa por ter feito o mesmo, afinal é tão humana quanto ele, e quando estavam separados ela também se envolveu em outros relacionamentos. Maravilhosa!!! Jam: a levada mais pop domina toda a música, bem com a cara da produção, não havia como emplacar, distanciando-se muito da sonoridade do Human League. Are You Ever Coming Back: os teclados apaixonantes do Human League reaparecem, mas com uma dose menor se comparada a Love is All That Matters e Human, construindo a base para uma letra muito bem feita. I Need Your Loving: uma mistura de banda inglesa com o R & B funkeado da Jody Watley, com pitadas de Prince, o resultado saiu melhor do que se esperava. Party: insistindo na mesma linha, os produtores acabaram pecando um pouco pela tentativa de fazer um álbum mais pop, tornando-se um pouco repetitivo. Love on the Run: Um ótimo refrão conduz a música, com a levada eletrônica reconstruindo as bases do Human League, trazem uma das melhores músicas desta fase. The Real Thing: os vocais constituem o melhor da faixa, alguns solos de teclados ajudam a construir a música, ao fundo alguns sintetizadores mais experimentais mantém o link com o resto da história da banda. Love is All That Matters: O Human League com a sua cara real, essa música traz de volta os momentos mais inspirados da banda que mais representava a musicalidade dos anos 80, segundo o próprio Bowie define a década "O Human League é a banda que melhor representa a musicalidade dos anos 80." Love is All that Matters é quase um hino, tem uma levada apaixonante, com mais sintetizadores, e um apelo em nome do amor. Fecha com chave de ouro o quinto álbum do Human League, na opinião de muitos fãs a melhor faixa do álbum. |
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Marcos Vicente e Marcello Blumo |