No estilo: depois deste vc não precisa ouvir mais
nada. Para quem já conhece ( e gosta ), qualquer coisa que eu
diga vai soar como retórica. Se vc nunca ouviu, corra atrás!
Este foi oficialmente o último àlbum da banda e Ian Curtis
nem ficou para ver o estrago que causaria em toda a estrutura do rock.
Arrastando uma legião de fãs no circuito underground da
época, Joy Division é referência até hoje
do maisntream ao mais obscuro sonido underground. Podemos dizer que
apesar da competência da banda, falando de todos os músicos,
sem dúvida alguma a figura de Ian Curtis e sua aura sombria troxeram
ao grupo os elementos que transformaram esses rapazes de Manchester
numa verdadeira lenda. Com seu jeito “epilético performático”
Ian Curtis era ímpar nas apresentações ao vivo
e suas letras mergulhavam num existencialismo extremo capaz de levar
qualquer um ao desespero. Para curtir este disco é preciso começar
pela capa, que representa muito mais do que um simples momento de dor.....
ouvi alguém dizer heresia? O fato é que quando este disco
foi lançado, Ian Curtis já estava morto e todo o sucesso
que ele tanto queria irônicamente surgiu depois da sua morte.
Antes de começar a ouvir o álbum, recomendo para os neófitos
a leitura das letras. È uma grande viagem. Afaste as giletes,
apague as luzes, sente-se num canto qualquer e tome seu absinto aos
poucos....como se fosse o último.
Atrocity Exhibition a faixa de abertura lembra nos
dias de hoje o roteiro do último filme de Quentin Tarantino (
Hostel ). Pura coincidência claro, mas talvez o dia-a-dia urbano
seja mais apropriado como cenário. Batida marcante, perturbadora.....
unforgetable. É um convite à depressão. Calma,
deixa pra tomar os comprimidos “tarja preta” daqui a pouco.....
tem mais : )
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FICHA
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"Joy
Division - Closer"
Data de Lançamento: 1980
09 faixas, aproxim. 44 min..
Faixa a Faixa:
01- Atrocity Exhibition - 06:08
02- Isolation - 02:52
03- Passover - 04:45
04- Colony - 03:53
05- A Means To An End - 04:06
06- Heart & Soul - 05:50
07- Twenty Four Hours - 04:26
08- The Eternal - 06:04
09- Decades - 06:08
10- Love Will Tear Us Apart - 3:27(Bonus)
Gravadora: Factory US/Polygram(Brasil)
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Isolation
dá início à sessão masoquista. O ritmo alegrinho
é apenas para disfarçar. Feche os olhos ao ouvir, a melancolia
está meio disfarçada mas está ali...pronta pra
te pegar. Não queria estar na pele de Ian quando ele fez esta
música.
“………………Mother I tried please
belief me
I'm doing the best that I can
I'm ashamed of the things I've been put through
I'm ashamed of the person I am
Isolation, isolation, isolation…………………..”
Só pelo trecho acima dá pra imaginar os tipos de fantasmas
que ele tentava exorcizar.... O engraçado é que quase
não tem guitarra nesta música.....seria um presságio
em relação à “ Nova Ordem” ??
Na sequência entra Passover, e se até
agora vc ainda estava achando tudo normal, acho difícil vc não
sentir um deja vu ao ouvir a primeira frase:
………This is a crisis I knew had to come
Destroying the balance I'd kept……….
Camada sobre camada, o som te leva para uma conversa interior, para
tentar entender se tudo o que acontece de errado é realmente
para vc. Pela voz de Ian...parece que sim.
Colony - Esse som é um chute....lá mesmo!
A combinação perfeita entre o desespero e a falta de esperança,
Nietzsche acharia um must. Se Bauhaus fazia o teatro do medo, podemos
dizer que Joy Division era o palco das agonias. Vai ser depressivo assim
no inferno..... ops... e não é que Ian seguiu esse conselho
! : )
A Means To An End – “……..I
put my trust in you…….”. Como vc pode ver ( ouvir
), a cada faixa vc tem a oportunidade de experimentar as mais humanas
sensações no sentido terrível da palavra pq a força
com que a frase acima é dita transforma qualquer decepção
em algo palpável...audível.... desesperador. Até
agora passamos pela solidão, pelo desapego, pela falta de esperança,
pela decepção e vamos mais fundo...... a natureza humana
não tem limites.
Heart and Soul, a leitura de algo de Jean Paul Sartre
é perfeito para acompanhar essa música, bateria quase
militar, guitarra bem presente a la Cerimony e um vocal que parece contar
uma história ......de acordo com a letra.... bem na frente do
espelho............
………Instincts that can still betray us
A journey that leads to the sun
Soulless and bent on destruction
A struggle between right and wrong
You take my place in the showdown
I'll observe with a pitiful eye……………….
Twenty Four Hours - Hey…!! Vc!! Calma! Não
pule ainda pela janela, a gente sabe que não tem esperança,
mas deixe para fazer isso na última faixa, ok? Talvez depois
desta música vc entenda a razão pela qual nada mais do
que vc ouça vai significar alguma coisa. Sim, vc vai ouvir coisas
boas, mas o ponto não é esse, ouça algumas vezes,
tenho certeza de que vc vai descobrir.
The eternal - Ok, cada um pega numa argolinha do caixão
e pode começar a andar...beeeeem devagar. Putz, quando eu morrer
(antes da rave) eu vou querer essa. Vai ser um suicídio coletivo.
Parece uma marcha fúnebre............ well, a própria
letra da música já a define:
…………No words could explain, no actions determine
Just watching the trees and the leaves as they fall……………
Decades - Depois de enterrado, agora é hora
de jogar flores em cima do túmulo. Cada um com seus problemas,
traumas...desequilíbrios............ esperanças, ops,
isso ficou várias músicas para trás. Vale uma garoa
fina para lavar a alma. Se vc estiver dentro de casa pode chorar mesmo.
Na edição nacional de Closer veio com uma bônus,
a conhecidissíma Love Will Tear Us Apart que
é absolutamente um clássico da banda.
Enjoy : )
Gabriel Front