Notorious

Kraftwerk - Electric Cafe

 


Contra Capa

Lado A

AK/DK. Assim se divide a música no século XX. Antes do Kraftwerk (quando só existia baixo, bateria e guitarra) e Depois do Kraftwerk (quando mais de um milhão de timbres passaram a existir na música).

Se hoje fazemos revival anos 80, é porque há 40 anos, no seio de uma banda semi-desconhecida chamada Organisation, encontrávamos liderando a banda, 2 dos maiores gênios que o mundo conheceu. Ralf Hutter e Florian Schneider, que naquele mesmo ano formariam a banda mais importante do século XX ao lado dos Beatles. O Kraftwerk!

Sem o Kraftwerk, provavelmente estaríamos ouvindo ainda com apenas 3 timbres. Nunca poderíamos nos deliciar com a música dos anos 80. Afinal, a sonoridade dos anos 80, começou a ser definida (como tudo na humanidade) ainda nos 70, quando os garotos do New Order, Depeche Mode, Pet Shop Boys, Erasure, Duran Duran, A-ha, Soft Cell, Human League, Information Society, Simple Minds frequentavam as matinês, ao som revolucionário do Kraftwerk, e resolveram formar suas bandas seguindo essa sonoridade. Simplesmente 90% das bandas mais importantes dos anos 80, citam o Kraftwerk, como sua fonte de inspiração. Todos ainda tinham 14, 15 anos quando tiveram o primeiro contato com a banda que mudou a história da música. Essa mesma banda que nossos filhos e netos irão estudar nos livros de história.

Depois de terem inventado as bases da sonoridade que hoje em dia é chamada de "anos 80", lançando discos em média a cada dois anos, (73, 74, 75, 77, 78, 81), o Kraftwerk, passou alguns anos elaborando o que seria uma das obras-primas dos anos 80. Como sempre um disco conceitual. O primeiro disco completamente digital da história (pouco depois desse disco revolucionário do Kraftwerk o formato CD - Compact Disc, decolou), gravação, mixagem, matriz e prensagem digitais, o que impulsionou a vendas dos CDs, já que até aquele momento, os discos ainda tinham o formato AAD ou ADD, isto é, gravação analógica ou gravação e mixagem analógicas e apenas a prensagem digital. Junto com o lançamento do disco, eles também revolucionaram a computação gráfica no mundo com o videoclipe de Musique Non Stop, inventando o que hoje chamamos de animação digital quando assistimos a filmes como Toy Story, Shrek, Tomb Raider, entre outros que seguiram os passos deixados pelos papas dessa tecnologia. Como sempre o Kraftwerk, estava 20 à frente.


Lado B

Electric Cafe, é também o primeiro álbum poliglota da história da música. Simplesmente os gênios criadores de tudo que gostamos hoje em dia, usaram neste álbum, nada menos que 6 línguas. Alemão, Inglês, Francês, Italiano, Espanhol e como gênios, não poderia faltar o Português. Poliglotas da música! Afinal influenciaram a música em todos os cantos do mundo.

E não foram só os anos 80 que os pioneiros da música eletrônica influenciaram. Bandas dos 90 e atuais, reconhecem o Kraft como sua influência.

O álbum Electric Cafe, na verdade seria lançado sob o nome "Technicolor", mais tarde, "Techno Pop", para homenagear o estilo que invetaram e que simplesmente se espalhou em diversos novos estilos liderando os tops de todo o mundo. Devido a um acidente que Ralf Hutter sofreu, as gravações foram paralisadas e só voltaram em 85, sob o novo nome. No projeto inicial as músicas seriam Techno Pop (que ocuparia um lado inteiro do disco, mais tarde fracionada em 3 músicas), The Telephone Call, Sex Object e Tour de France.

Musique Non Stop e The Telephone chegaram ao topo da parada norte-americana. Trechos do clipe de Musique Non Stop passaram a ser usados como vinheta da MTV, e a música foi usada em diversas propagandas da rede de TV na Europa.

 
FICHA

"Kraftwerk - Electric Cafe"
Data de Lançamento:
1986
6 faixas, 37 minutos, aprox.

Faixa a Faixa:
01. Boing Boom Tschak (2:57)
02. Techno Pop (7:42)
03. Musique Non Stop (5:45)
04. The Telephone Call (8:03)
05. Sex Object (6:51)
06. Electric Cafe (4:20)

Produzido por: Florian Schneider, Karl Bartos, Ralf Hütter, Wolfgang Flür
Engenheiro de som: Bill Miranda, Henning Schmitz, Joachim Dehmann
Masterização: Bob Ludwig
Mixado por: François Kevorkian, Ron St. Germain
Gravadora: EMI Electrola

 

Faixa a Faixa

Boing Boom Tschak: Onomatopéias eletrônicas abrem um dos discos mais bem elaborados dos anos 80, na verdade a abertura de todo o lado A (é meus amigos, naquela época, a gente ouvia os discos em lado A e lado B.. o famoso bolachão), é uma continuidade para as 3 músicas que compõem o lado A, como fossem apenas uma música, todas mixadas, interligadas desde a origem, mais um recurso inovador do Kraftwerk, e o melhor a mixagem do álbum foi feita por François Kervokian!

Techno Pop: O próprio nome já diz tudo, o epíteto que representa todo o legado da década de 80, o que os anos 80 deixaram para a história da música.

Musique Non Stop: Essa é indescritível em palavras, coloque agora o CD para tocar... dê um suspiro profundo... e sinta a música fluir pela sua mente, deixe o rítmo tomar conta do seu corpo, mas calma, não deixe de ler o site para começar a dançar, tente resistir. Musique Non Stop ao lado de The Telephone Call, foi um dos maiores sucessos do disco... anos mais tarde usada como homenagem ao Kraftwerk pelo S-50 Project... com um adendo... "Electronic Music... Music Non Stop"!

The Telephone Call: Depois de inventarem as bases do Freestyle, o Kraftwerk retoma o rítmo, com uma ode à telefonia, em mais uma das homenagens do Kraft aos grandes inventos tecnológicos da humanidade. Esta é a única música do Kraftwerk em que Karl Bartos assume os vocais, e realmente se saiu bem. Vários samples de tipos diferentes de telefones, discando, tocando, e até a voz da operadora respondendo que a linha foi desconectada, e o mais interessante é que a Telefonica, empresa de telefonia de São Paulo, usava trechos dessa música do Kraftwerk quando alguém ligava e o telefone estava ocupado, com o fundo do Kraftwerk a voz gravada respondia "Este número está ocupado no momento, por favor tente novamente mais tarde". Infelizmente depois disso, inventaram uma desagradável caixa postal, que ninguém liga para ouvir o recado, e retiraram a música do Kraft e a mensagem de telefone ocupado.

Sex Object: Yes, No... fala de sentimentos, e a vontade que todos temos de não sermos apenas um objeto sexual. Mantendo ainda os beats Freestyle.

Electric Cafe: Os gênios poliglotas da músicas, cantam até trechos em português, na faixa título do álbum, "música eletrônica, figura rítimica, até política na era, atômica..." Cantam a mesma letra também em mais línguas, demonstrando o quanto suas músicas tem uma responsabilidade internacional.




Marcos Vicente