Após o lançamento de Movement e Power,
Corruption & Lies ninguém da crítica arriscou um palpite
sobre o que Bernard Summer, Peter Hook, Stephen Morris e Gilliam Gilbert
estavam preparando. Podemos considerar 1985 como o ano em que definitivamente
se instaurou uma “nova ordem” musical. Low Life, o terceiro
álbum do grupo, revela uma maturidade antes ofuscada pela semelhança
com os trabalhos da época do Joy Division. Enquanto milhares
de fãs se perguntavam sobre como seria o novo disco da banda
ex-Joy, o New Order fez uma verdadeira divisão de águas
onde seria impossível qualquer tipo de comparação.
Low Life é o resultado de uma evolução não
apenas musical, mas cultural. Filhos diretos do pós-punk e pilares
da chamada coldwave, os músicos do New Order conseguiram transpor
para este álbum ritmos que estavam vários anos à
frente de seu tempo. Apenas para colecionadores bem abonados, vale lembrar
que Low Life foi lançado em mais de 40 formatos de capas e mídias
diferentes em diversos países. Se você possui um daqueles
cassetes acompanhados de várias fotos do grupo, pode guardar
com carinho pois são raríssimos
.
Love Vigilantes que abre o álbum tem quase um
pezinho no folk, mas sabiamente prepara o clima para um dos melhores
hits: Perfect Kiss! Mostrando que aprenderam muito
bem as lições do mestre Arthur Baker (que ajudou a produzir
singles como Confusion), agora sob a batuta de Quincy Jones arriscam
tudo em um experimentalismo pop e ao mesmo tempo sofisticado. This
Time of Night revela esse pop diferente, mais tarde flagrado
em grupos como Pet Shop Boys. Sunrise isolada talvez
nos fizesse pensar novamente na década passada, mas no conjunto
da obra podemos dizer que é uma canção mais forte
abrindo inclusive espaço para outras não tão dançantes
que sempre agradam os fãs mais “Joydivisianos”.
Elegia, aqui a homenagem devida ao amigo que se foi,
momento quase religioso seguido de Sooner Than You Think,
que acompanha a mesma linha pop de This Time of Night. Subculture
ao longo do tempo ganhou diversas roupagens remixadas, mas a versão
original deste disco é um must pois possui ingredientes que vão
da disco ao synthpop e no fim das contas é um hit que possui
a cara dos anos 80. Para fechar com chave de ouro, Face Up,
é daquelas famosas faixas “última do lado B”
que ao final só te deixam uma opção: colocar a
primeira e ouvir tudo novamente!
Enjoy : )
Gabriel Front