Durante um bom tempo, de 1985 até 1989 e 4 discos
de platina depois para ser mais exato, o álbum Songs From The
Big Chair pode ser considerado uma unanimidade nos dois hemisférios
do planeta. Ainda que envolvido por uma aura conceitual, a receita pop
que dominou toda uma geração vinda da MTV teve neste álbum
um ápice de genialidade alcançado por poucos e de forma
tão intensa.
Mesmo abandonando definitivamente o synthpop intimista do debut The
Hurting, Songs From The Big Chair chama a atenção pela
sofisticação dos arranjos e pelas letras cuidadosamente
elaboradas. O título foi inspirado no livro Sybil (mais tarde
uma mini-série de tv) que falava sobre uma garota com múltipla
personalidade.
Ainda neste mundo da psicologia, vale lembrar que o nome Tears for Fears
deriva da terapia de Arthur Janov´s chamada Primal Scream (grito
primal). Roland Orzabal e Curt Smith jamais foram modestos e a grandiosidade
de suas intenções se refletiu claramente pelas oito faixas
deste álbum. Shout que abre a sequência pode ser considerado
como um dos mais importantes hits da década de 80, difícil
encontrar alguém que não tenha ouvido, cantado ou dançado.
Logo depois, a nem tão famosa mas ainda impecável, The
Working Hour começa com um clima a la Blade Runner e depois navega
por texturas que lembram muito David Sylvian do extinto grupo Japan.
Every Body Wants To Rule World revela a vontade nítida desta
banda que conseguiu com essa canção um honroso 1º
lugar na parada americana e 2º na parada inglesa.
Para completar a festa, Orzabal no ano seguinte recebeu um prêmio
como melhor letrista, o que deixa bem claro que a genialidade da dupla
não se resume apenas no som, mas também está presente
nas palavras. Um bom exemplo disso está nas faixas Mothers Talk
e I Believe.
A faixa Broken soa como um exercício dentro do próprio
álbum onde podemos identificar mesmo que sutilmente a melodia
de Head Over Hills, outro hit da banda que marcou todos que passaram
pelos anos 80. Gravada ao vivo, Head Over Hills conta com mais um trecho
de Broken bem no final.
Eis que chegamos na fatídica última do lado B. Devemos
admitir que não seria uma favorita aos big hits das rádios,
mas é uma das mais belas faixas do álbum. O nome já
diz tudo: Listen.
Enjoy : )
Gabriel Front