A história do Talk Talk
se remota no interior da Inglaterra com o cantor e letrista Mark Hollis
e seu irmão mais novo, Ed Hollis, DJ e produtor, e que mantinha
a banda Hollis and the Hot Rods. Inicialmente, Mark Hollis estava planejando
se formar piscólogo e trabalhar com crianças, mas em 1975
ele deixou a universidade e se mudou para Londres. A época era
propícia e o jovem Mark colocou um anúncio no Melody Maker
procurando pessoas para formar uma banda.
Em 77 estava formado o The Reaction. Mark pediu a ajuda de seu
irmão para produzir uma demo e enviar para as pessoas com as quais
ele tinha contato. Ed Hollis entregou a fita do Reaction para Island Records.
Ed Hollis não gostou muito do nome da banda do irmão e mudou
o nome da fita demo para Talk Talk e levou até a gravadora do Gary
Numan e Cabaret Voltaire, a independente Beggar's Banquet
que a incluiu na coletânea chamada Streets.
Depois do primeiro single I Can't Resist, em 1978, The Reaction
se separou e, com a ajuda do seu irmão, Mark Hollis foi apresentado
aos baixista Paul Webb, ao baterista Lee Harris e ao tecladista
Simon Brenner, com quem ele formou oficialmente o Talk Talk em
1981.
Devido
a convivência com seu irmão produtor, Mark acbou por se tornar
um perfeccionista e a banda gravou várias demos, centenas de ensaios
com o produtor Jimmy Miller, Mark conseguiu um contrato com a EMI
que tinha acabado de incluir no seu cast o Duran
Duran produzido por Colin Thurston que estava em alta pois
o álbum do Duran tinha simplesmente emplacado 4 hits nas paradas
inglesas e a EMI dispensou o antigo produtor da banda e solicitou a Colin
que produzisse os dois primeiros singles da banda: Mirror Man
e Talk Talk.
A gravadora estava claramente tentando orientar todo o seu novo cast para
o estilo New Romantic
e a banda foi a escolhida para abrir todos os shows da tournê de
82 do Duran Duran
o que ajudou na divulgação do disco de estréia, o
clássico The Party's Over.
O disco foi aclamado pela crítica e classificado como "synth
pop sensível e contemporâneo" e genial no quesito
letras.
Em 1983, o Talk Talk lançou o single My foolish friend que
marcou um salto para as principais posições das paradas
britânicas. O som estava mais pesado, porém mais maduro.
Ainda em 1983, o tecladista Simon Brenner foi demitido por razões
que são controversas até hoje. Há quem diga que a
decisão partiu de Mark Hollis que achava que Simon não estava
se esforçando o suficiente.
Durante o ano de 1983 a banda trabalhou basicamente no álbum It's
my Life, que trouxe a música que deu nome ao álbum,
inovando e acentuando um estilo New Romantic um pouco mais pop,
mesclado com seu technopop texturizado, para se ouvir em casa,
uma espécie de pré-ambient. Infelizmente essa música
ganhou uma versão não muito palatável meses atrás,
e apesar do relativo sucesso aos ouvidos desavisados, a original continua
disparada imbatível no coração dos fãs dos
80. Foi decisiva a chegada do produtor e multi-instumentista Tim Friese-Greene
que passou a ser um membro não oficial da banda em todos os discos.
Hollis encontrou em Friese a pessoal ideal para entender as ambições
dele. It's my life acabou se tornando um clássico dos anos 80.
A música trazia finas linhas de pop e tentava direcionar a new
wave para um caminho de texturas mais ricas. A música foi sucesso
no mundo inteiro. Seu clipe é uma atração à
parte nas festas Autobahn, baseado em imagens de animais brincando em
seu habitat, como em uma bela campanha ambientalista.
O disco seguinte, The
colour of spring de 1986 trazia o mesmo clima de It's My Life
e emplacou os sucessos Life is What You Make of it e Give it
Up se tornando o disco mais vendido da banda.
Em 1987, a banda se instalou em uma igreja abandonada em Suffolk
para começar a trabalhar no quarto álbum. Essa decisão
foi tomada por Hollis que estava ouvindo muito na época o disco
Closer do Joy Division, que também foi gravado em uma igreja abandonada
e trouxe efeitos sonoros bem diferentes de um estúdio convencional.
Depois do sucesso de vendas do disco anterior e de uma turnê realizada
em 86 que foi extremamente rentável, a gravadora EMI aguardava
ansiosamente por este disco. No entanto, a banda estourou o prazo e as
cobranças por parte do executivos da gravadora começaram.
Cobrado pela gravadora, Hollis disse que não permitiria nenhum
tipo de intervenção para acelerar as gravações
e nem aceitaria a demissão produtor. Hollis e o produtor, estavam
construindo músicas com arranjos extremamente complexos e, portanto,
também não poderia ceder aos pedidos de shows que a gravadora
estava recebendo.
Finalmente,
após 14 semanas dentro do estúdio, o disco Spirit
of Eden ganhou a luz do dia e foi massacrado pela crítica,
gerando uma pequena procura comercial enorme que acabou em rádios
que não executavam as músicas por achar que o público
não iria gostar. Músicas prolongadas, arranjos intrincados,
muito semelhantes ao Jazz. Todo esse desgate trouxe o inevitável
rompimento de contrato entre gravadora e banda. Houve uma ultima tentativa
da gravadora para tentar reaver o prejuízo e lançou o single
I Believe in You sem o consentimento da banda.
Hollis processou a gravadora e a música foi retirada
de todas as rádios onde estava começando a tocar. A banda
conseguiu assinar com a Polydor para lançar um outro trabalho,
mas Paul Webb deixou a banda, irritado com a incostância das situações.
Isso fez com que Laughing Stock foi gravado, basicamente com músicos
convidados. O trabalho marcou o fim da banda e em 1992, Webb e Harris
formaram a banda O'Rang enquanto Hollis desapareceu voltando à
cena apenas em 1998 com um disco solo.
O último lançamento foi em 1999, o disco London 1986, ao
vivo e em 2003 a coletânea Time It's Time.
Marcos Vicente e Robson Leandro
da Silva
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