The Smiths |
O rock gótico era originalmente considerado um rótulo para um número pequeno de bandas de rock/pós-punk, mas hoje possui um espectro bem maior - abrangendo em si o Death Rock, a Música Industrial e até algumas bandas da New Wave, por exemplo. Enquanto a maioria das bandas punk focava um estilo agressivo, as primeiras bandas góticas eram mais pessoais e introvertidas, com elementos de movimentos literários como horror gótico, romantismo e niilismo.
Suas raízes estão no início dos anos 1980, no culto do rock depressivo, melancólico e sombrio de bandas pós-punk como Bauhaus, Joy Division, The Cure, The Sisters of Mercy, Siouxsie & the Banshees, embora, como já foi dito, nem todas aceitem se enquadrar no estilo.
O Bauhaus é considerada a banda pioneira do estilo e o single Bela Lugosi is Dead é um clásico do estilo. Apesar de não ter sido exatamente um sucesso de vendas, a música definiu tudo aquilo que seria o rock gótico (guitarras distantes do resto dos instrumentos e um vocal que se mistura a todo o resto como que solto no espaço), e se manteve nas paradas independentes da Inglaterra por muitos anos.
Não confundir com Gothic Metal, que utiliza alguns poucos elementos da música gótica, mas são bandas de Metal em sua essência; ou com post-punk, vertente do rock dos anos 80 caracterizada pelo ritmo monolítico, influências do art rock e temáticas como filosofia existencialista (ex.: Joy Division, Echo & The Bunnymen, The Cure, The Fall, Suicide e, em parte, The Smiths), mas contendo mais experimentalismos musicais (inclusive ligados ao krautrock e ao proto-punk), sem as limitações de um rótulo determinado, como ocorre no rock gótico.
O gothic rock aborda com freqüência temas espirituais como o xamanismo e a cultura indígena sob uma ótica atemporal ou temas cotidianos e introspectivos sob uma ótica urbana e contemporânea, além de ter suas bases estilísticas voltadas ao rock’n’roll e a música pop; o Gothic Metal, ao contrário, aborda a época medieval e o heroísmo romântico e suas bases são o gênero Metal e a música clássica.
The Cult |
Outras bandas principais do estilo foram: The Cure (no entanto, Robert Smith disse em 2006 que "é patético quando o 'gótico' ainda se cola ao nome The Cure", pois acha o subgênero "incrivelmente estúpido e monótono. Verdadeiramente lastimoso") e Joy Division, com uma bateria de certo rigor militar executada por Stephen Morris, e definido como Death Disco por alguns produtores, letras significativas em contraste com uma batida compulsória inclinada à dança, algumas músicas com toques eletrônicos e os vocais reverberados de Ian Curtis. Porém, após sua morte em 1980, a banda mudara sua sonoridade e letras, formando o New Order ("Nova ordem"), nome auto-explicativo, e iniciou-se o distanciamento do gênero que a consagrou.
Nos anos 1990, assim como os punks, os góticos ascenderam como subcultura jovem e criaram um mundo paralelo. Na década de 1990, o leque estético se abriu e a juventude que compartilhava desse sentimento - um misto de pessimismo, inadequação à realidade e romantismo mórbido - reuniu-se em torno de uma série de referências.
Englobararm música, (Marilyn Manson, Nine Inch Nails), literatura (os romances góticos do século XIX, os contos e poemas de Edgar Allan Poe e H.P Lovecraft, as "Crônicas dos Vampiros" de Anne Rice"), HQs, moda (cabelos negros estilo Robert Smith do The Cure, crucifixos, look andrógino e roupas de couro) e cinema num só universo. Apreciadores de filmes de terror, com personagens malditos e atmosfera de mistério, os góticos tiveram seu gosto representado em alguns filmes da época como o O Corvo (1994), A Família Addams (1991-1993), Edward Mãos de Tesoura (1990), Dracula de Bram Stoker (1992), Entrevista Com o Vampiro (1994), Frankenstein de Mary Shelley (1994) e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999).
"O gótico é uma barbárie sofisticada. É a paixão pela vida coberta pelo simbolismo da morte. É uma amor cínico pelo sentimento. É uma combinação de extremos como sexo e morte. É utilizar a escuridão para iluminar. É acreditar que a obrigação é vã e vaidade um dever. É a compulsão por fazer a coisa errada por todos os motivos certos. é uma nostalgia ansiosa pelos dias sombrios que nunca existiram. É a negação da realidade e a transferência da fé para o imaginário. É o profano, o sinistro, o estranho".
Gavin Baddeley, no livro GOTH CHIC - Um Guia Para a Cultura Dark
As Principais Bandas
BAUHAUS
Bauhaus |
Nascido em 1978 em Northampton, na Inglaterra, o quarteto formado por Peter Murphy, Daniel Ash, David J e Kevin Haskins foi batizado originalmente como Bauhaus 1919.
O nome (literalmente casa de construção em alemão) foi pego emprestado da lendária escola de arquitetura alemã, fundada em 1919 e famosa por revolucionar o design da época, além de ser o berço da expressão "menos é mais". Ícones do pós-punk, fundadores do goth rock, ou simplesmente uma banda com ótimos discos, a breve existência do Bauhaus garantiu uma discografia de dar inveja.
A coletânea Bauhaus: 1979/1983, um álbum duplo, lançado em 1985, ainda é o melhor cartão de visita do som da banda. As músicas são tiradas de álbuns como "In the Flat Field"e "Mask". Têm faixas para os gostos menos obscuros como "Double Dare" e a ótima versão para "Telegram Sam" do T. Rex, até as mais introspectivas e esfumaçadas como a própria "Bela Lugosi", que aparece aqui numa versão ao vivo um pouco menos entorpecida que a gravação de estúdio. Hits como "Kick in the Eye" e a versão para "Ziggy Stardust" do Bowie dividem espaço com pérolas como "Stigmata Martyr" e "God in an Alcove".
Dizer que é impossível ouvir o disco sem pensar nos anos 1980 é dispensável. Isso porque o Bauhaus foi uma das bandas símbolo da melancolia dançante tão fácil de associar a essa década. As guitarras abafadas, os sintetizadores ainda conversando timidamente com o rock soam de outra época, claro.
Com o fim da banda em 1983, Peter Murphy seguiu carreira solo, após participar do efêmero Dali’s Car em 1984, com Paul Vincent Lawford e Mick Karn do Japan. Já Daniel Ash, Kevin Haskins e Glenn Camping formaram o projeto Tones On Tail, uma banda que seguia o synthpop, mantendo ainda algumas veias góticas. Daniel Ash, David J. e Kevin Haskins formariam em 1985 o Love And Rockets.
Mas mesmo após 27 anos de sua separação em 1983, a banda ainda convence. Em 1998, o Bauhaus se reuniu em uma apresentação no festival Coachella. Não faltou a encenação gótica inventada há 30 anos, com direito a Peter Murphy fazendo pose de vampiro. Pode parecer velho e ultrapassado, mas por se tratar de Murphy e sua trupe a gente abre uma exceção, por que os caras podem.
Siouxsie & The Banshees |
SIOUXSIE & THE BANSHEES
Siouxsie foi a vocalista de um dos grupos mais significativos da cena pós-punk, The Banshees, que chegou a ter na formação inicial Sid Vicious (como baterista) e, mais adiante, o guitarrista Robert Smith, a voz e o cérebro do The Cure (o baixista Steve Severin e o baterista Budgie foram os integrantes mais constantes da banda). As banshees são entidades femininas da mitologia celta que anunciam a proximidade da morte. E têm uma bela voz como a de Siouxsie.
Once Upon a Time: The Singles, lançado em 1981, capta a fase inicial da banda inglesa, anterior ao mergulho na neo-psicodelia. Genericamente, o som é denso, com linhas de baixo consistentes, bateria tribal e guitarras climáticas. Como o álbum compila os primeiros singles, também há momentos de sonoridade punk, mais crus e diretos, como em "Hong Kong Garden", o primeiro single dos Banshees (que chegou ao top ten britânico).
No decorrer do disco, é possível perceber a evolução sonora da banda e a guinada para os sons rotulados de góticos, em faixas de maior complexidade como "Christine", "Israel" e "Spellbound". Apesar de Tinderbox, de 1986, ter sido o trabalho de maior sucesso comercial da banda, foi o pós-punk dos primeiros anos, muito bem representados nessa coletânea, que concedeu ao Siouxsie & the Banshees
The Cure |
THE CURE
The Cure. Uma banda com mais de 30 anos de história, influente e inspiradora, que trilhou sempre seus próprios caminhos, experimentou e moldou seu som por parâmetros próprios, sem abrir concessão à sua arte e se render a modismos, épocas e à crítica.
Criou um universo paralelo para si e seus discípulos, ora derramando melancolia em doses cavalares, desesperos existenciais, influência gigantesca no rock gótico, viagens cósmicas ou alegrias juvenis. Dançou também, chacoalhou em rocks funkeados e arrematou corações por todo o globo com um romantismo quase obsessivo.
Bandas e artistas tão distintos como Linkin Park, Green Day, Red Hot Chili Peppers, Mogway, Placebo, Interpol, The Killers, Arcade Fire, Nine Inch Nails, Marilyn Manson, Frank Black, Scarlett Johansson, Chris Cornell e até Metallica já assumiram sua admiração por Robert Smith e seus asseclas. Mestre David Bowie se diz fã de carteirinha. Os geniais Neil Gaiman e Tim Burton também já prestaram suas homenagens.
Sisters Of Mercy |
THE SISTERS OF MERCY / SISTERHOOD / THE MISSION
O nome The Sisters of Mercy, uma das bandas mais cultuadas pelos góticos, foi escolhido a partir de uma música de Leonard Cohen, Sisters of Mercy. A música de Cohen fazia referência a um grupo de freiras católicas. Porém, esta letra é interpretativa e pode também fazer alusão às prostitutas. Ao escolherem este nome, Andrew Eldritch e Gary Marx interpretaram a segunda opção. Segundo Andrew, o comportamento das bandas de rock daquela época poderia ser associado à atividade das prostitutas. O nome The Sisters of Mercy seria uma ótima metáfora para a situação.
No início de 1981, Andrew assume o vocal da banda e coloca uma bateria eletrônica, o famoso Doktor Avalanche. Além disso, Craig Adams (baixo) é convidado para integrar a banda e iniciar as apresentações ao vivo. Em 1983, o The Sisters of Mercy recebe o guitarrista Wayne Hussey, ex-músico do Dead or Alive. Nesta mesma época, a banda assina contrato com a gravadora Elektra, um dos selos da Warner. O primeiro álbum oficial foi lançado em 1985. First and Last and Always é para muitos fãs, o melhor trabalho do The Sisters of Mercy, incluindo a melhor formação que a banda já teve em sua história. Neste trabalho, Wayne destacou-se como principal compositor. Mas Andrew ainda era o mentor.
A partir deste momento, a banda entra numa fase muito atribulada. Na turnê de divulgação do disco, Gary e Andrew desentendem-se e Gary abandona a formação. Ainda, Wayne e Andrew, passam a disputar espaço. As composições de Wayne não agradam Andrew e as divergências pessoais e musicais intensificam-se e tornam-se insuportáveis. Dessa forma, na última data da turnê, no show do Royal Albert Hall, em Londres, Andrew despede-se do público e tudo indica que, naquele momento, terminava a trajetória do The Sisters of Mercy.
Sobre as divergências, Andrew chegou a declarar para imprensa: "Eles me perguntaram: O que vamos fazer pelas novas canções? Eu disse: Que tal isto, isto e isto? Mas, infelizmente, o primeiro ‘isto’ que eu citei tinha muitos acordes por minuto e Craig não quis tocá-lo". Hussey também disse: "A maioria das canções que estamos tocando no The Mission são canções rejeitadas por Eldritch para o segundo álbum dos Sisters. Isso é irônico, porque atualmente ele vê nossos shows e me diz o quão boas elas são".
Após este fato, transcorreram-se cinco anos de rivalidade e disputas jurídicas. Em princípio ambas as partes concordaram que não usariam o nome The Sisters Of Mercy. Porém, Hussey e o baixista Craig Adams deram continuidade na carreira e gravaram algumas demos que não obtiveram sucesso entre as gravadoras. Assim, a dupla decide usar um nome que, de certa forma, os associassem ao The Sisters of Mercy.
O nome escolhido era The Sisterhood e a dupla chegou, algumas vezes, a se apresentar ao vivo. Por outro lado, Andrew Eldritch sentiu-se lesado ao ver que o antigo companheiro havia "quebrado o acordo de cavalheiros". Além disso, Sisterhood também era o nome do fã clube do The Sisters of Mercy. Assim, Andrew rapidamente registrou o nome e em seguida lançou um single, Givin Ground, e um álbum, Gift (Veneno, em alemão), no qual se encarregou apenas da programação eletrônica. Este trabalho contou com alguns convidados como Patrícia Morrison (que chegou a compor uma formação do The Sisters), Alan Veja, Lucas Fox e James Ray. A disputa pelo nome terminou nos tribunais e a dupla Hussey e Graig teve de batizar sua nova banda como The Mission.
The Mission |
Hussey que no Sisters era guitarrista acabou assumindo os vocais na nova banda, pois Craig não queria de forma alguma ser vocalista e preferiu continuar no baixo. Para completar o grupo convidaram Simon Hinkler (guitarra) e Mick Brown (bateria).
No início de 1986 embarcam em sua primeira turnê através da Europa acompanhando o Cult. É importante destacar que a sonoridade da banda não lembra muito aquilo que poderíamos considerar como o som de um grupo tipicamente “gótico”, o The Mission é na verdade uma banda de rock de guitarras, quase hard, o que explica a proximidade com o Cult, banda que, posteriormente, contaria inclusive com a participação de Craig Adam (e que perderia Matt Sorum para o Guns’n’Roses). Lançaram ótimos álbuns como God’s Own Medicine (1987), Children (1988) e Carved In Sand (1990).
Já The Sisters of Mercy com sua nova formação, com Andrew, a baixista Patricia Morrison e Doktor Avalanche, voltou à ativa em 1987, com o álbum Floodland. Com um estilo diferenciado dos anteriores, este disco emplacou clássicos como Dominion, Mother Rússia e This Corrosion, que chegaram a ocupar as primeiras posições na parada de sucessos nos EUA.
Em 1988, são lançados dois singles: Dominion e Lucretia My Reflection. O álbum Floodland vende mais de 200 mil cópias na América. No ano de 1990 ocorreu o lançamento de Vision Thing. Este disco é definido como o encontro do Gothic Rock com o Hard Rock. Um dos destaques deste trabalho é a penúltima faixa, More. Nesta época, a formação era, além de Andrew e Doktor Avalanche, Tim Bricheno (guitarra), Andréas Bruhn (guitarra) e Tony James (baixo). Foi com esta formação neste mesmo ano que a banda apresentou-se no Brasil, passando por Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo.
Logo após o lançamento do álbum e a turnê, o The Sisters of Mercy entra em conflito com a gravadora. Nos anos seguintes foram lançadas apenas duas coletâneas: Some Girls Wander By Mistake e A Slight Case of Overbombing, esta no estilo "Grandes Sucessos", que também incluía a inédita Under The Gun, faixa que originalmente faria parte da trilha sonora do filme O Corvo. A banda segue em turnê e alguns integrantes criam projetos paralelos.
Xmal Deutschland |
X-MAL DEUTSCHLAND
Como uma banda que lançou pouco mais de quatro álbuns e que, ainda por cima, cantava em alemão pode ter conquistado tanto sucesso junto à “cena gótica” inglesa? E como a vocalista dessa dita banda pode disputar em pé de igualdade o título de rainha dos góticos com sua majestade única, Siouxsie Sioux? Quer respostas? Então passe uma noite embalando os seus pesadelos com os alalaôs da bruxa-rainha-loira Anja Huwe, ao som de “Incubus Succubus”, “Matador”, “Viva”, “Fetish”, “Tocsin”… e tire suas próprias conclusões…
O X-mal Deutschland surgiu na cidade de Hamburgo, Alemanha, no ano de 1980. Originalmente, era formado por um grupo de cinco garotas sem nenhuma experiência musical, mas com idéias bastante definidas sobre o som que pretendiam fazer. Aliás, a falta de experiências anteriores com outras bandas acabou se tornando uma característica de todos aqueles que fizeram parte do Xmal, sem exceção.
Enquanto na Inglaterra o pós-punk e o “gótico” davam os primeiros passos através de bandas do calibre de Bauhaus, Joy Division, The Cure e Siouxsie & The Banshees, na Alemanha surgia o movimento “Die Geniale Dilletanten”, de profunda contestação artística e de cunho quase “dadaísta” convidando à quebra de todas as regras e convenções musicais. Esse movimento artístico seminal que pretendia criar uma nova linguagem artística alemã também foi chamado de “Neue Deutsche Welle”, apesar de ser um tanto difícil estabelecer critérios de classificação em relação às características do movimento pela própria diversidade de leituras envolvidas, o certo é que se tratava de uma revolução conceitual furiosa e criativa que foi capaz de envolver grupos singulares como Palais Schaumberg, Eintürzende Neubauten, Abwarts, DAF e, é claro, o Xmal Deutschland.
A formação original do Xmal Deutschland era composta por Anja Huwe (vocais), Manuela Rickers (guitarra) e Fiona Sangster (teclados), Rita Simon (baixo) e Caro May (bateria).
Logo após a primeira apresentação do grupo, Rita Simon é substituída por Wolfgang Ellerbrock que passa a ser a única figura masculina no grupo. Com esta formação, gravam em 1980 o seu primeiro single, o hoje em dia raríssimo “Schwarze Welt”, pela pequena gravadora independente alemã Zick Zack Records.
No ano seguinte participariam de uma compilação da mesma gravadora com a música “Käbermarsch”. Logo a seguir, Caro May também deixa o grupo, sendo substituída por Manuela Zwingman, em 1982. Na Alemanha, o Xmal seria o precursor do estilo que ficaria conhecido como “gótico”, entretanto a aproximação em direção ao estilo festejado em Londres se deu de forma gradual através do mesmo “crossover” adotado por Siouxsie e seus Banshees em relação ao punk. Não é à toa que Anja ficaria também conhecida como a “Siouxsie loira” e disputaria com Susan Dallion o título de “rainha dos góticos”.
Bandas de Synthpop e outros estilos, que são em muitas vezes confundidas com bandas góticas:
Clan of Xymox |
CLAN OF XYMOX
Para seu segundo álbum na 4AD, Medusa, o Clan of Xymox tomaram a forma mais eficaz e atrativa elementos do seu mosaico de som (como testemunhado em intervalos comparados em seu álbum de estréia) e produziu um trabalho que, às vezes, atinge a beleza e o ambiente de seus colegas de gravadora na época como The Cocteau Twins ou Dead Can Dance.
Os holandeses do Clan of Xymox nunca tiveram o grande momento na cena gótica do Reino Unido, mas são cultuados pelos góticos, apesar de suas influências eletrônicas e seguir bem mais o synthpop.
A viagem começa e brilha, especialmente no 'Theme 1'. 'Michelle' é um bom exemplo da nova abordagem, poderosa e melódica, aproveitando a agressão e impulso, uma vez que têm puxado a música em um clímax brutal.
Medusa é uma paisagem sonora vibrante que realmente viu Clan of Xymox atingir um público maior e mais sensível. Medusa é, simplesmente, lindo de ouvir e, claro, um clássico como em muitos livros e assim é na minha discoteca. Louise é uma faixa que nunca vou cansar de ouvir.
Pink Industry |
PINK INDUSTRY
Pink Industry foi uma banda inglesa, de Liverpool, que surgiu na década de 1980. Era formada pelo trio Janey Casey (vocals) que havia passado pelas bandas Big in Japan e Pink Military, o baixista e tecladista Ambrose Reynolds, que teve passagem no Frankie Goes to Hollywood e o guitarrista Tadzio Jodlowski.
Ambas bandas que originaram os integrantes do Pink Industry tinham uma veia mais “new wave/technopop”, já o Pink Industry inveredou por um caminho mais “obscuro”. Dançante, mas intimista. Melódico, mas dissonante e tudo isso com um certo pé no etéreo (tanto que alguns sites os classificam como Dark Wave, Minimal Wave ou Gothic mesmo).
Anne Clark |
ANNE CLARKE
Apesar de não ser considerada gótica, sua música é eletrônica experimental, synthpop puro, Anne Clarke é cultuada pelos góticos. Dessa forma, em meio a essa explosão do movimento punk no final dos anos 70, início dos 80, Anne Clark engrandeceu a cena londrina com seus trabalhos e a partir daí iniciou sua carreira musical com suas declamações melancólicas e melodias viajantes, utilizando para isso, música eletrônica experimental.
Esse experimentalismo resultou na sua primeira performance ao vivo, com o Depeche Mode no Cabaret Futura de Richard Strange, e o seu primeiro álbum The Sitting Room lançado em 1982. Os álbuns seguintes, Changing Places (1983), Joined Up Writing (1984) e Hopeless Cases (1987), tiveram como seu parceiro nas músicas, o tecladista David Harrow, um conhecido do Warehouse Theatre e em Changing Places cinco músicas contaram com a parceria de Vini Reilly (Durutti Column).
As músicas Sleeper in Metropolis e Wallies, ambas do álbum Changing Places, e Our Darkness, do álbum Joined Up Writing, foram consideradas pela crítica marcos da década de 80 e até mesmo 90, com a versão remix de Our Darkness (1992).
Dead Can Dance |
DEAD CAN DANCE
Dead Can Dance foi uma banda composta por Lisa Gerrard (vocalista e compositora) e Brendan Perry (vocalista e compositor) formada em Melbourne, em 1981, na Austrália. Apesar de não fazerem a linha de som gótica, também são cultuados pelos góticos.
Pouco tempo depois, Lisa e Brendan mudam-se para Londres. No seu início a banda incluía ainda outros membros como Scott Rodger, Peter Ulrich e James Pinker, contudo nos anos 90 os membros da banda foram alterando-se, pois a banda começou a centrar-se somente nos vocalistas transformando-se assim num duo formado por Brendan e Lisa. Em Londres, o grupo assina um contrato com a 4AD, uma editora dedicada à música alternativa. O sucesso da banda, logo os consagra como uma das mais importantes desta editora.
O gênero musical da banda caracteriza-se por um conjunto de estilos, destacando-se o darkwave, com fusão de world music, música medieval e da Renascença européia.
Em 1984, lançam o primeiro álbum, Dead Can Dance e, no mesmo ano, trabalham conjuntamente com os This Mortal Coil, na música "It'll End In Tears". No ano seguinte lançam o segundo álbum Spleen and Ideal, que atinge o #2 na tabela independente do Reino Unido.
Cocteau Twins |
COCTEAU TWINS
Poucos grupos foram tão originais e prolíficos quanto esse trio escocês. Gravavam pela minúscula 4AD e, ao lado do New Order e The Smiths, foram os maiores nomes da cena independente britânica nos anos 1980, no que diz respeito a lançamentos e vendagens. Com os vocais maravilhosos de Elizabeth Fraser e uma camada sonora produzida ao som de baixo, guitarra, teclado e bateria eletrônica, o Cocteau Twins teve uma das propostas sonoras mais interessantes, cultuados pelos góticos.
O nome veio de uma velha canção do (também) grupo escocês Simple Minds. Se você acha que a voz mais exótica do pop dos anos 80 e 90 é a de Björk e nunca ouviu o Cocteau, prepare-se para reavaliar seu conceito. Em 1982, na minúscula cidade de Grangemouth, na Escócia existia um cantinho em que um DJ chamado Robin Guthrie agitava as noites locais tocando clássicos do punk e new wave, chamada Nash, uma boate localizada em um hotel. Grangemouth era tão minúscula que Robin a comparava com um banheiro. Em Nash, sempre aparecia uma garota para dançar e pular, já que não havia outra forma de divertimento. Seu nome era Elizabeth Fraser, conhecida como Liz. Robin e Will Heggie, companheiro de agitos, riam dela, a única que conseguia dançar, e embora não simpatizassem muito com a menina, conversavam entre uma canção e outra. Os três então descobriram alguns gostos comuns, e resolveram montar um grupo.
Trisomie 21 |
TRISOMIE 21
Trisomie 21 podia pôr-se ao lado de uma sonoridade eletrônica cinzenta (não diria gótica, mas os góticos gostam), em algum lugar entre Clan of Xymox e Anne Clark. Resumindo e indo mais ao centro do seu som, a batida é eletrônica, os sintetizadores em dose moderada, o baixo de The Last Song, seu maior sucesso. Um pouco mais leve e atmosférico. A voz do Philippe Lomprez (que engraçado, é também o baterista) não denota necessariamente a pronúncia ou a proveniência lingüística francesa ou belga. Mas nota-se algum arrastamento, um certo arredondamento das sílabas. Uma banda synthpop com influências de Gothic.
Marcello Blum |