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O Iluminado

Anos 20 e outras coisas para você quebrar a cabeça

Uma noite, Jack entra no salão dourado, onde acontece um baile. Num encontrão, ele conhece aquele que seria seu mentor: Delbert Grady, o ex-zelador que matou a família. Mas só vemos a face do sujeito quando eles estão no banheiro, no meio de um monte de espelhos. Aliás, sempre que Jack conversa com um fantasma, há espelhos pela cena. Eles são um elemento constante no filme: quando Danny conversa com Tony pelo dedinho, quando Jack descobre que a mulher da banheira está em decomposição, no quarto, quando ele conversa com a mulher, e “Redrum”! O espelho remete à dualidade dos personagens, como o conflito do Jack normal com o Jack que começa a surgir no hotel (veja artigo completo).

Falando em salão dourado, lembra da cena final do filme? (se não lembra, páre de ler agora e siga o meu bom conselho: corra para a locadora, menino!). Depois que Jack aparece congelado no labirinto, a câmera entra novamente no hotel, em uma parede cheia de fotos. Uma música antiga toca ao fundo, e aparece uma foto do baile de 4 de julho de 1921. Ao centro, Jack. Será que é mesmo o Jack? Será que ele, depois de morrer, começou a fazer parte do hotel? Será que ele vai ser um dos fantasmas a assustar os zeladores que virão? Em tempo: no baile de fantasmas que acontece no salão, algumas mulheres usavam roupas dos anos 20. Hummm.

O livro que Jack escrevia tinha somente uma frase: “All work and no play makes Jack a dull boy”. O diretor criou várias versões para a frase: “Il mattino há l’oro in bocca” (quem acorda cedo tem um dia dourado – a versão italiana do nosso “Deus ajuda quem cedo madruga”); “Was Du heute kannst besorgen, das verschiebe nicht auf Morgen” (não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje) e “No por mucho madrugar amanece más temprano” (embora acorde cedo, não vai amanhecer mais cedo).

O fato quase não é mencionado no filme, mas o hotel Overlook havia sido construído em cima de um cemitério indígena. Na época das obras, muitos índios foram mortos. Há quem interprete o filme como a história da extermínio dos índios americanos (veja mais).

E uma coisa engraçada: em uma cena, Wendy e Danny assistem à TV. Podemos ouvir o “beep-beep” do Papaléguas. O irônico é que a perseguição insana que aconteceria entre Jack e os dois é bem parecida com a do desenho.

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Elisa Volpato


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