Arthur Baker

Com toda certeza Arthur Baker é uma das figuras mais importantes da música decorrente dos anos oitenta. Nascido em Boston, Massachussets, onde começou a discotecar, principalmente influenciado pela Soul Music da Filadélfia. O seu primeiro trabalho como produtor ocorreu no ano de 1977, no auge da Disco Music com seus 22 anos de idade. Pelo selo West End, com o pseudonome de North End, lançou Kind of Life ( Kind of Love), que ele classificou como um tributo à região italiana de Boston. Na mesma época pelo selo Emergency, em parceria com Russel Presto, Tony Carbone, Maurice Starr e Michael Jonzun, lança a faixa Happy Days, último trabalho no qual não usou bateria eletrônica. Dois anos depois em 1979 ele é convidado a trabalhar com o cantor Joe Bataan.

Desta sociedade surge a música “Rap-O, Clap-O”, pelo selo Saul Soul. Segundo o cantor Joe Battan este foi o primeiro Rap gravado na história da música, antes mesmo que Kim Tim III e Rapper’s Delight da Suggarhill Gang. Nesta época Arthur Baker já se encontrava em Nova Iorque, onde começava uma revolução musical vinda das ruas e guetos da cidade. Trabalhava como vendedor em uma loja de disco, e na suas folgas andava pelos parques observando os b-boys (dançarinos de break), e os sons que eles ouviam, que ia da Disco Music à música eletrônica , que revolucionaria do grupo alemão Kraftwerk com Trans Europe Express, que na época era a musica preferida dos b-boys.

Em 1981, com seu parceiro o tecladista John Robie, Kevin Donovan, também conhecido como Afrika Bambaataa e o DJ Kool Herc da Soul Sonic Force, produz um clássico e marco na história da música influenciando vários movimentos que viriam a seguir, como o Eletro, o Freestyle e próprio Hip Hop. “Planet Rock” é a música, gravada no final de 1981. Arthur Baker usa samples de Trans Europe Express do Kraftwerk, e diz ter tocado a Demo pela primeira vez em uma festa de Natal em 1981. Arthur revelou que quando gravaram “Planet Rock”, sentiram que estavam entrando para a história da música. Ainda com o Afrika Bambaataa produziu “Looking For the Perfect Beat” e “Renegades of Funk”.

No ano seguinte, 1982, produziu faixas para o filme Beat Street, primeiro filme a relatar o movimento do Break que explodia nas ruas de Nova Iorque. As faixas eram “I.O.U” do Freeez e “Walking On Sunshine” do Rockers Revenge.

Ainda em 1982, Arthur Baker mais uma vez em parceria com seu amigo o tecladista John Robie, lança “Play At Your Own Risk” do Planet Patrol, usando a mesma base de Planet Rock, com a batida um pouco mais lenta, teclados melódicos de John Robie, e letra sentimentalista do Planet Patrol, esta música serviu de base para tudo que foi criado daí por diante no estilo Freestyle.

Observamos mais uma vez a presença marcante e fundamental de Arthur Baker na criação de um novo estilo de música nos anos 80. A fama do produtor se espalha pelo mundo, e em 1983, os integrantes no New Order viajam para Nova York ao encontro de Arthur Baker, em busca de inspiração e uma nova cara para o seu som, tentando fugir da melancolia do Joy Division, banda que faziam parte até o vocalista Ian Curtis se suicidar. Após alguns dias em estúdio surge “Confusion”, uma fusão das novidades tecnológicas e criativas usadas pelo produtor, que incluía o uso de samples, a prática dos loopings, etc, com a instrumentação melódica do New Order. E é claro a música foi sucesso, e influência para as futuras produções do grupo.

Arthur Baker não só produziu, mas também criou projetos como o Criminal Element Orchestra com destaque para a faixa “Put The Needle To The Record”, de 1987, sampleada pelo M/A/R/R/S em “Pump Up The Volume”. E ainda Breaker’s Revenge de 1984, na qual Baker usou samples de “Girls Just Wanna Have Fun” da Cyndi Lauper. Na verdade, mesmo tendo feito uso de muitos samplers, Baker foi mais sampleado do que ao contrário.

A lista de artistas com que Arthur Baker trabalhou no longo desses anos é imensa e de respeito, além de muito eclética. Segue alguns nomes: Bob Dylan, Bruce Springsteen, Rolling Stones, U2, David Bowie, Cyndi Lauper, Diana Ross, Loud Reed, Jimmy Cliff, Robbie Willians, New Kids On The Block ( até eles!). Tem mais: o respeitado Quincy Jones, Gypsy Kings, Debbie Harry, Oingo Boingo, Tom Tom Club, Bee Gees, All Green, Ottis Reding, Nene Cherry, Lolleatta Hollaway, entre tantos outros. Isso mostra a indiscutível importância de Arthur Baker no mundo da música.

Pioneiro do Hip Hop, Freestyle, Electro e também figura importante na música eletrônica que existe hoje em dia. Graças a tudo que ele criou com mais alguns poucos como o produtor italiano Giorgio Moroder, podemos dizer que Arthur Baker é o homem a ser homenageado. A frase que li em um artigo perguntava: O que seria da música hoje sem o dedo de Arthur Baker? Impossível dizer, afinal Baker ajudou a criar praticamente tudo que ouvimos e dançamos nos anos 80.

Ultimamente com mais de 60 anos Arthur Baker é dono de restaurantes e uma rede de salões de sinuca chamada Elbow Room. De vez enquando sai discotecando pelo mundo em projetos como a noite itinerante “Return To New York”, que viajou o mundo em 2006. E mais recentemente está com o projeto de uma nova banda chamada Merge pela gravadora Polygram, onde não é só o produtor, mas também líder da banda e tecladista.

Abraço a todos amantes dos anos 80, e até a próxima!

Sandro Moraes



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