Uma música escrita e gravada entre uma, duas semanas. A última criação daquele álbum...
Uma breve definição do que poderia ser apenas mais uma música, aquela pra dar uma embromada, a quarta canção do lado B do vinil, acabou se tornando um dos maiores sucessos dos anos 80: Everybody Wants to Rule The World. A terceira faixa do disco Songs from The Big Chair, lançado em 1985, tinha tudo pra nem existir já que, como todo gênio, Roland Orzabal, em pleno verão de 1984, não queria levar aquelas descompromissadas dedilhadas em sua guitarra acústica a sério, contrariando assim Curt Smith, o produtor Chris Hughes, e até mesmo sua esposa, Caroline. Superestimando a participação desta última, enfim, ele cedeu, e assim a carreira do Tears for Fears dava seus indícios de sua explosão para além Europa.
Inicialmente denominada de “Everybody Wants to Go to War”, sua letra transmite parte do contexto que permeava aquele período, que inclusive esteve presente em outras músicas que compõem o “Songs from The Big Chair”, como Mothers Talk, Shout e Listen. Além do poder individual e dos problemas que este pode produzir, a canção é uma referência às disputas, e todos os mecanismos utilizáveis para se sair vencedor, entre Estados Unidos e União Soviética, naquele período que ficou marcado como “Guerra Fria”. Era o Tears for Fears saindo de uma fase pautada em psicanálise, conflitos familiares e existenciais, como presente no álbum anterior, The Hurting (1983), e tornando-se mais politizado, abrindo mais seus horizontes. Seu single foi lançado no dia 22 de março de 1985, sendo o primeiro da banda a ser promovido concomitantemente no Reino Unido e Estados Unidos, fazendo-nos compreender a importância do single para o reconhecimento da banda na “América” e, consequentemente, no mundo. No mês seguinte de seu lançamento a música alcançou a segunda posição no Top 40 britânico, mas seria nos Estados Unidos seus maiores resultados: no dia 8 de junho de 1985, tornou-se número 1 na “Billboard Hot 100”, onde ficaria por duas semanas, tornou-se também primeiro lugar nas norte-americanas “Hot Dance Club Play”, “Hot Dance Music/Maxi-Singles Sales” e “Cash Box”, todas da Billboard, e nas canadenses “Chum Chart” e pela revista RPM, além de ter figurado entre as três primeiras posições na Bélgica, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Reino Unido. Fato é, que em meados da década de 1980, a rádio ainda era o principal meio de se obter reconhecimento popular, sobretudo quando se fala de “internacionalização”, mas naquele período outro meio estava à pleno vapor: a MTV. Assim, adaptando-se ao contexto, no início de 1985, foi lançado o videoclipe de Everybody Wants to Rule The World, com direção do aclamado Nigel Dick. Tratando-se de Tears for Fears, um visual totalmente novo e despojado, onde Curt Smith em seu estilo new wave, rodava ruas da California com seu Austin-Healey 3000, carro esportivo dos anos 60, mesclando com tomadas deles em estúdio. O clipe tornou-se um sucesso, e ao lado de Shout, não paravam de ser reproduzidos na televisão norte-americana entre os anos de 1985 e 1986. Seu lado B, denominado Pharaohs, é uma instrumental adaptada da própria “Everybody Wants to Rule The World”, que contém a narração de uma notícia sob a voz de Brian Perkins, locutor da BBC Radio 4, e dono de uma das três vozes mais populares das rádios britânicas. O single saiu em versões de 7, 10 e 12 polegadas, onde além do “b-side” Pharaohs, há versões estendidas e instrumentais, além de um remix intitulado “Urban Mix”, feito pelo próprio produtor do single Chris Hughes, que acabou tornando-se o mais famoso entre os remixes. |
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Luander Barros |